O que envolve a mudança no ensino?

A escola não é isolada do sistema socioeconômico, mas, pelo contrário, é um reflexo dele

Por: Ângela Cotrofe  -  13/06/19  -  19:12
Estudantes de 27 áreas de conhecimento farão a prova em todo o País
Estudantes de 27 áreas de conhecimento farão a prova em todo o País   Foto: Rogério Soares/AT

Sabemos das condições socioeconômicas e culturais de grande parte da população brasileira, e também a influência nos aspectos físicos dos alunos da camada de baixa renda.


Na minha visão, a análise da instituição escola, em seus diferentes níveis, como sendo a maior contribuinte para o desenvolvimento cognitivo e social, não pode ser vista isolada, pois o sistema de ensino, seja público ou particular, reflete sempre a sociedade em que o aluno está inserido.


A escola, repito, não é isolada do sistema socioeconômico, mas, pelo contrário, é um reflexo dele. Precisamos sim, urgentemente, qualificar o ensino.


Muitas crianças carecem da falta de oportunidade de crescimento cultural, da construção cognitiva e desenvolvimento social, carecem de relações significativas entre a produção familiar e escolares, vivem sem oportunidades reais que a sociedade possibilita aos representantes das determinadas classes sociais. Escolas com professores desmotivados, estruturas físicas muitas vezes destruídas, sem apoio de material pedagógico. Essas Instituições são desqualificadas pela sociedade, pela família e pelos alunos.


Partindo desse cenário, não há, por assim dizer, um investimento do aluno, do ponto de vista emocional, na aprendizagem escolar, e esse movimento seria uma condição interna básica para uma educação de sucesso. Casos há em que tal desinteresse é visto como um problema apenas do aluno, sendo ele encaminhado para avaliação psicopedagógica por “não ter o menor interesse nas aulas” e “não estuda em casa”, baixando assim sua produção.


Triste é a escola que não acompanha o mundo hoje, ignorando aquilo que seu aluno já vivencia fora dela.


“O aluno precisa de telhado, para colocar o pé no chão”. E o desejo de aprender que lhe dará uma linha de base para melhorar as possibilidades de aprender.


O aluno (aprendente) não pode ser o depositário dos conflitos advindos da falta de correspondência evolutiva entre a instituição de ensino e a sociedade, sob o risco de apresentar perturbações em seu processo de aprendizagem.


Essas diversas questões ligadas à escola precisam ser pesquisadas antes de qualquer mudança, pois, quando a construção do aprendizado se desenvolve normalmente, a busca do conhecimento acontece e funciona em qualquer situação.


Fica a minha sugestão: vamos refletir sobre o tipo de cultura e estrutura social, as relações políticas-sociais e econômicas vigentes, as ideologias dominantes, para aferir o impacto explícito ou implícito desses aspectos no processo de aprendizado do aluno (aprendente).


Este artigo é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha editorial e ideológica do Grupo Tribuna. As empresas que formam o Grupo Tribuna não se responsabilizam e nem podem ser responsabilizadas pelos artigos publicados neste espaço.
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