Trabalhar na redação de um grande veículo é, no mínimo, curioso. Durante todo o dia, o telefone toca com pessoas solicitando algum tipo de reportagem. Nós, que fazemos jornalismo diário, estamos acostumados e já vimos ou ouvimos muitas coisas. Porém, o mais instigante da profissão, é que não cansamos de nos surpreender.
Algumas das histórias policiais mais curiosas – e absurdas - , que contamos diariamente no G1 e em A Tribuna On-line aconteceram em São Vicente. E a mais recente delas me surpreendeu bastante. Um jovem, aparentemente tentando obrigar um carro a parar, deu uma voadora, digna de MMA, no para-brisa do veículo em movimento.
O caso, que ocorreu nesta semana, foi registrado na Rua Gilberto Esteves Martins, no bairro Jardim Rio Branco, na área continental da Cidade, durante a madrugada. O golpe foi tão violento que chegou a deixar o vidro totalmente destruído. A motorista, porém, conseguiu escapar sem ferimentos.
Esse tipo de história mais do que surpreende. Acaba nos atingindo de uma forma violenta. Na mesma São Vicente, há alguns meses, menores fizeram uma emboscada, na porta de uma escola, durante o dia, apontaram uma arma e roubaram o carro de um motorista que passava pelo local.
Sempre que esse tipo de caso ocorre, questionamos a Prefeitura sobre a segurança na cidade. A resposta, basicamente, é sempre a mesma. Que a segurança será reforçada em tal área e que viaturas da Guarda Municipal também farão patrulhas pelo local. Mas, de fato, parece que os bandidos pouco se importam com esse reforço.
O que temos, na verdade, é um País que, por mais incrível que pareça, mata mais por ano do que a guerra da Síria. Entre 2001 e 2015, foram 786.870 assassinatos no território brasileiro. No ano passado, mais de 60 mil. Na Guerra da Siria, oficialmente, morreram 330 mil pessoas em sete anos.
Mais do que segurança, a violência no Brasil é uma questão educacional. Faltam políticas públicas que, de fato, colaborem para uma diminuição das estatísticas da violência. Falta pensar na violência como um problema crônico e não pontual. Apenas desta forma, poderemos viver em um País sem ‘voadoras’ e sem crianças armadas na porta de uma escola.