Mortes de pai e filha que tentavam chegar aos EUA chocam o mundo

Eles tentavam atravessar o Rio Bravo, na cidade de Matamoros, no México, quando foram levados pela correnteza pouco antes de chegarem à cidade texana de Brownsville

Por: Alexandre Lopes  -  26/06/19  -  15:02
Corpos foram encontados a cerca de 500 metros do local onde foram vistos pela última vez
Corpos foram encontados a cerca de 500 metros do local onde foram vistos pela última vez   Foto: STR/AFP

O mundo acordou de luto nesta quarta-feira (26 e, provavelmente, essa situação se manterá até o dia de amanhã, quando a imagem de um pai e uma filha estamparem os principais jornais do planeta.


Hoje cedo, nove a cada dez veículos, de todos os cantos do planeta, já repercutiam o caso. A dupla, natural de El Salvador, morreu ao tentar atravessar um rio que daria acesso aos Estados Unidos.


O migrante e a filha tentavam atravessar o Rio Bravo, na cidade de Matamoros, no estado mexicano de Tamaulipas, quando foram levados pela correnteza pouco antes de chegarem à cidade texana de Brownsville.


As imagens são fortes e, imediatamente, provocaram comoção. Ao que parece, mesmo com a força do rio, a criança não desgrudou do pai em nenhum momento, sendo encontrada com o braço apoiado no pescoço do rapaz.


O objetivo da família era solicitar um asilo nos Estados Unidos. A mulher do rapaz e mãe da criança, Tania Ávalos, conversou com o jornal 'La Jornada' e disse que o marido já havia feito a travessia com a criança e estava em segurança na margem.


Quando ele foi ajudar a mulher, porém, a criança se jogou na água. O pai ainda tentou salvá-la mas, por conta da força do rio, acabou sendo arrastado junto com a filha. Os corpos foram encontados 12 horas depois, a cerca de 500 metros do local onde foram vistos pela última vez.


Tragédias desse tipo não são novidades. Há quatro anos, um menino sírio foi encontrado morto em uma praia da Turquia após tentar fugir da guerra civil no país com a família. A imagem, mais uma vez, ganhou o mundo e reacendeu a discussão sobre a crise migratória que assola todo o planeta.


No Brasil a situação não é diferente. Boa Vista (RR), por exemplo, chegou a ter mais de 25 mil venezuelanos em agosto do ano passado. Todos fugindo com o pouco que tinham da falta de absolutamente tudo provocada pelo governo chavista de Nicolás Maduro.


Procurando uma vida melhor, esses venezuelanos costumam acampar em qualquer lugar da cidade, vivendo apenas da doação de comida e roupas. Essa migração causou problemas para a própria cidade que, despreparada, viu a qualidade dos serviços básicos cair de forma dramática.


Em 2017, por exemplo, segundo dados da Secretaria de Saúde de Roraima, cerca de 50 mil consultas médicas foram feitas por venezuelanos em 2017. No ano passado, por exemplo, esse número mais do que dobrou. Quem não se lembra da situação de Pacaraima, quando moradores incendiaram acampamentos de imigrantes e os expulsaram do Brasil?


Que a morte da menina, de apenas 1 ano e 11 meses, e do seu pai, não seja esquecida. E que as autoridades, principalmente e de uma vez por todas, se unam em busca de uma solução para resolver uma das piores crises humanitárias da nossa história.


Uma coisa eu tenho certeza. Um muro não resolve a situação. Só piora.


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