Homem soterrado em Guarujá pede para morrer ao ser resgatado com vida

A vítima, identificada como Ricardo, chegou a perder a consciência algumas vezes e mandou um recado para a irmã avisando que não resistiria

Por: Alexandre Lopes  -  05/03/20  -  12:41
Atualizado em 05/03/20 - 12:58
O autônomo Everaldo Santos Santana passou cinco horas ajudando no resgate
O autônomo Everaldo Santos Santana passou cinco horas ajudando no resgate   Foto: Paula Paiva Paulo/G1

As horas passam e, cada vez mais, novas histórias sobre o drama enfrentado pela população da Barreira do João Guarda, em Guarujá, no litoral de São Paulo, acabam vindo à tona. A repórter do G1 Paula Paiva Paulo, por exemplo, conseguiu conversar com um rapaz responsável por tirar da lama, com vida, um homem prensado entre galhos, objetos e terra.


O autônomo Everaldo Santos Santana passou cinco horas ajudando no resgate. Segundo ele, a vítima pedia 'pelo amor de Deus' para que tirasse a vida dele pois, infelizmente, não estava aguentando de dor. Após muito esforço, porém, com a ajuda de uma multidão, foi possível salvar o rapaz e encaminhá-lo para um hospital.


Everaldo é uma das dezenas de pessoas que, após ouvir o barulho causado pelo deslizamento, pegou uma lanterna e saiu em busca de vítimas. O rapaz resgatado estava apenas com a cabeça para fora da terra. "Ele estava numa forquilha, em um buraco que estava uma árvore em cima da outra. Tinha duas paredes, uma prensando o peito dele e uma prensando as costas", lembra.


A vítima, identificada como Ricardo, chegou a perder a consciência algumas vezes e mandou um recado para a irmã avisando que não resistiria. "Eu falei: 'Irmão, só saio daqui contigo, se você não sair a gente não sai. Foi emocionante. Quando ele subiu no caminhão da Defesa Civil, disse que nunca ia esquecer a gente, que Deus colocou a gente no caminho dele", finaliza.


A tempestade que atingiu a região, além dos deslizamentos, causou alagamentos em vias públicas, afetou serviços como transporte, educação, fornecimento de água, energia elétrica e telefonia, além de fazer rodovias serem bloqueadas. Em 24 horas, em Guarujá, choveu 320 mm, enquanto a média esperada para o mês era 263 mm, o que encharcou o solo rapidamente e provocou os deslizamentos.


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