O Diário Oficial de Santos publicou, nesta quarta-feira (9), o decreto do reajuste da tarifa do transporte coletivo municipal.
Até o próximo sábado (12), o valor segue o mesmo: R$ 4,05. Já a partir de domingo (13), os usuários precisarão desembolsar R$ 0,25 a mais, pagando R$ 4,30 por trecho.
O aumento, de 6,17%, é maior do que a inflação do último ano. O IPC-C1, que diz respeito às famílias de menor renda (1 a 2,5 salários mínimos), subiu 4,17% em todo o ano passado.
Não importa qual o índice o leitor desta coluna utilize para fazer essa comparação. O resultado será o mesmo. Os ônibus foram reajustados acima da média de qualquer inflação brasileira registrada no ano passado.
Vale lembrar que o contrato de permissão do transporte coletivo prevê reajuste anual da passagem, o que não torna a prática ilegal. A empresa responsável alega uma série de motivos para o novo valor:
- Aumento no preço do combustível
- Elevação de outros insumos como pneus e peças
- Gastos com a folha de pagamento
Vou me atentar, neste momento, a outra alegação da empresa: a queda no número de passageiros transportados.
A cada ano que passa, mais se fala em responsabilidade ambiental. Campanhas (inclusive de Prefeituras) surgem diariamente pedindo para que as pessoas passem a usar o transporte coletivo ou a carona solidária com o objetivo de diminuir a poluição urbana.
Como deixar o carro em casa pagando uma tarifa de R$ 4,30? Uma ida e volta ao trabalho em Santos, por exemplo, sai por nada menos do que R$ 8,60 para o morador da cidade que, em muitos casos, não se locomove mais do que quatro ou cinco quilômetros para chegar ao trabalho.
Com pouco mais de R$ 4,30 (o que também é um preço absurdo), e, convenhamos, procurando bem até por um pouco menos, o leitor que possui automóvel coloca 1 litro de gasolina no próprio carro e consegue, dependendo do veículo, rodar, pelo menos, 10 quilômetros.
Essa situação, de fato, me parece um tanto quanto controversa. Por mais que a qualidade dos ônibus da cidade tenha, de fato, melhorado nos últimos anos, aumentar o preço do transporte, obviamente, afastará ainda mais usuários do sistema, que irão optar, muitas vezes, por um veículo próprio para se locomover pela cidade, gerando mais poluição, mais engarrafamentos e menos qualidade de vida.