Winnipeg: A cidade canadense sem muros

De uma tranquilidade de causar inveja, destino lembra Campo Grande, a capital do MS

Por: Eron Brum & Especial para A Tribuna &  -  27/09/20  -  18:29
De uma tranquilidade de causar inveja, destino lembra Campo Grande, a capital do MS
De uma tranquilidade de causar inveja, destino lembra Campo Grande, a capital do MS   Foto: Reprodução/Eron Brum

Winnipeg, a capital da província canadense de Manitoba, é uma cidade com cerca 850 mil habitantes pelo censo de 2016 e, segundo dados não oficiais, mais de 1,3 milhão na atualidade.


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Com área e 464,1 km, lembra Campo Grande, a capital do Mato Grosso do Sul, só que mais arborizada, trânsito de uma tranquilidade de causar inveja e mais: a quase total ausência de muros para transformar as residências em uma espécie de fortaleza intransponível.


O primeiro-ministro Justin Trudeau, do Partido Liberal – seu pai, Pierre Trudeau, já exerceu o mesmo cargo – abriu as fronteiras para a imigração, antes das eleições do ano passado. Perdeu milhares de votos para os partidos Conservador e Bloco de Quebec, e não conseguiu formar governo de maioria como nos últimos quatro anos.


Os dois motivos para a vitória apertada que resultou na formação de um gabinete de minoria, asseguram os analistas políticos: flexibilizar as fronteiras do Canadá para receber imigrantes e liberar a comercialização da maconha.


Os argumentos dessa política de abertura não tocaram corações e mentes dos eleitores, apesar de o Canadá – segundo maior país do mundo com área de 9.984.670 km (só atrás da Rússia) e população de 37.242.571 – continuar despovoado, considerando sua extensão territorial.


O volume 10 da publicação, em forma de libreto Curiosidades e Factoides, editado pelo Departamento de Turismo da capital de Manitoba, é um retrato bem humorado e fiel da cidade que atrai e abriga imigrantes das mais diversas nações – desde Eritreia e Índia, passando por China e Brasil, entre muitas outras.


Provavelmente o primeiro a ser construído fora da capital do país, Ottawa, a grande atração é o Museu de Direitos Humanos Canadenses, localizado na região central, chamada de The Forks (A Forquilha), nome derivado da sua configuração geográfica. Não deixa de ser curiosa a forma como o libreto explica o projeto do prédio: “Os 17 mil metros cúbicos de concreto usados na moderna construção e as 35 mil toneladas de massa equivalem a três mil elefantes machos completamente crescidos”.

Encontro dos rios


Visita obrigatória no centro de Winnipeg é o encontro dos rios Assiniboine, canadense, e o Vermelho, que nasce nos Estados Unidos e cruza por várias cidades de ambos os países. As águas desses dois rios formam o Lago Winnipeg, atração turística muito e visitada e elogiada por sua longa praia.

O Rio Vermelho foi cenário e título de um dos mais famosos faroestes da história cinematográfica, estrelado por John Wayne, Montgomery Clift e Joanne Dru, sob a direção de Howard Hawks, lançado em 26 de agosto de 1948.


Outra curiosidade que chama a atenção, especialmente dos turistas e também dos imigrantes que chegam dispostos a suportar temperaturas muitos graus abaixo de zero ao longo de oito meses, é ausência de muro na frente das casas e a inexistência de cadeados nos portões.


Os quarteirões onde são construídas as residências são delimitados pela rua da frente e por outra, mais estreita, nos fundos, chamada backlane (a expressão significa ruela de trás). Esta é mais estreita e serve de entrada do carro na garagem e com portão para os pedestres, igualmente sem cadeado, como o da frente.


Se o jornalista ou algum curioso tenta descobrir os motivos da inexistência de muros, até mesmo nos bairros considerados mais ricos, corre o risco de ouvir respostas do tipo: “Qual a necessidade de muros?”, “Muro para esconder nossa residência?”, “Não precisamos deles”, ou até responder, secamente, com uma indagação: “Muro?”.


Uma estrela em ascensão



Por muito tempo vivendo às sombras do vizinho famoso, Canadá é uma estrela em permanente ascensão. Sua enorme área se estende desde o sul, fronteira com os Estados Unidos, até o Círculo Polar Ártico, ao norte. Há controvérsias, mas a visibilidade canadense ganhou o mundo durante o governo de Joseph Philippe Pierre Yves Elliot Trudeau ou simplesmente Pierre Trudeau, como aparecia na mídia, primeiro-ministro do país em duas ocasiões: 1968 a 1979 e depois , 1980 a 1984.

Figura carismática, seu governo até hoje é elogiado pelos avanços sociais e institucionais, com um toque de política econômica meio à esquerda durante seus quinze anos no poder, contrapondo a do poderoso vizinho Estados Unidos.


Entre as muitas reformas implantadas por Pierre Trudeau, até hoje são lembradas a de fortalecimento de uma sociedade multicultural, implementação do bilinguismo oficial (inglês e francês) e fortalecimento de um sentimento pan-canadense marcante. Outro destaque de seu governo foi o estabelecimento da Carta Canadense dos Direitos e das Liberdades.


Mas os seus críticos asseguram que a popularidade de Pierre Trudeau nunca passou do razoável. Os mais antigos e saudosistas discordam: asseguram que ele foi um dos melhores governantes da história do país e ainda o chamam “Pai do moderno Canadá”.


Divergências à parte, hoje o primeiro-ministro do Canadá, reeleito ano passado para mais um mandato, é Justin Trudeau, filho mais velho de Margareth e Pierre Trudeau e que iniciou sua carreira política em 2015. A chefe de Estado é a Rainha da Inglaterra.

Imigrante


O Centro de Imigração da Província de Manitoba, funcionando há 70 anos em Winnipeg, com o lema O melhor começo, o melhor emprego, presta toda a assistência e formação aos imigrantes recém- chegados. Oferece cursos de inglês, noções de inovação, culinária regional e auxilia na colocação no mercado de trabalho.


Entre outros serviços oferecidos pelo Centro de Imigração, os mais procurados são a obtenção da nacionalidade canadense, a residência permanente, matrícula em workshops variados como, por exemplo, em atividades que abrem as portas do mercados de trabalho. Alguns clientes do Centro de Imigração reservam vagas para a contratação dos imigrantes que passaram pelos cursos e treinamento, até mesmo para aqueles que ainda estão estudando e já mostraram progresso ao longo do processo de aprendizagem.


No entanto, os dirigentes do IC fazem questão de deixar bem claro que a contratação é por um período de até 90 dias e o emprego definitivo vai depender muito, principalmente, de dois fatores: o progresso acentuado na língua inglesa e a habilidade profissional.


O programa de treinamento é individual, para ajudar pessoas de diferentes níveis de inglês a aprofundar suas habilidades no computador. Com o aperfeiçoamento tecnológico, os imigrantes das mais diferentes áreas dificilmente ficarão sem trabalho no Canadá, como está em destaque no folder do Centro de Imigração de Winnipeg.


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