Sítio arqueológico de São Sebastião registra o período da escravidão

Ainda no São Francisco, em São Sebastião, local revela segredos dos séculos 18 e 19

Por: Reginaldo Pupo, especial para A Tribuna  -  07/11/21  -  14:15
 As construções do sítio foram feitas em sistema de terraço, em nove patamares, sendo na parte mais alta a casa do senhor da fazenda
As construções do sítio foram feitas em sistema de terraço, em nove patamares, sendo na parte mais alta a casa do senhor da fazenda   Foto: Reginaldo Pupo

O Bairro São Francisco esconde um tesouro que não é muito explorado turisticamente, embora, há alguns anos, a prefeitura local tenha tentado estimular a visitação do público. Há ao menos 200 anos o Sítio Arqueológico guarda histórias de escravos que até hoje mexem com o imaginário popular, embora tenha sido descoberto apenas em 1991. Desde então, o local vem sendo estudado e a cada dia pesquisadores vêm encontrando novidades da história da colonização brasileira nos séculos 18 e 19.


Já foram resgatados milhares de fragmentos de faiança inglesa, vidro, metal e cerâmicas neobrasileiras. Grande parte do material encontrado é proveniente de manifestação simbólica da nobreza, do poder militar e da crença, esta última com a presença de uma igreja e um oratório.


Foram encontradas também peças em cerâmica produzidas na região, o que caracteriza a importância da cidade como produtora do material no Brasil, além de pedras que simbolizavam trabalho de cantaria.


Terraço
As construções do sítio foram feitas em sistema de terraço, divididos em nove patamares, sendo na parte mais alta a casa do senhor da fazenda. Os elementos decorativos das fachadas, tanque de abastecimento e oratórios revelam uma preocupação estética dos moradores


Em toda a área há vestígios de cursos d’água, pontes, resquícios de cerâmica, telhas, fornos, e muitos alicerces de construções, que impressionam pela técnica utilizada. As pedras eram apenas encaixadas entre si, sem a necessidade de nenhum material, como argamassa, para fixarem-se umas às outras. A água era abastecida por um engenhoso processo de distribuição, feito por canaletas, hoje, todas secas.


No caminho, ruínas denunciam a existência de várias unidades habitacionais, feitas em pedra, onde os escravos eram mantidos. Havia muitos fragmentos de potes de cerâmica no local e fornos. Os pesquisadores identificaram também pontes, construídas com rochas (gnaise).


 Os pesquisadores identificaram pontes construídas com rochas; o local está 269 metros acima do mar
Os pesquisadores identificaram pontes construídas com rochas; o local está 269 metros acima do mar   Foto: Reginaldo Pupo

Trilha e agendamento
A trilha para se chegar ao Sítio Arqueológico tem três quilômetros de extensão, ida e volta, e pode ser percorrida em duas horas. O local está situado a 269 metros acima do nível do mar, de onde se tem uma vista panorâmica e privilegiada do Canal de São Sebastião.


Os agendamentos para visitação devem ser feitos no CIT (Centro de Informações Turísticas) da Rua da Praia, no Centro Histórico, das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira. As informações podem ser obtidas por meio do telefone (12) 3892-2206.


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