Expedição virtual inédita permite visitar terras indígenas de São Paulo com guia on-line

A operadora Terra Nativa criou uma expedição virtual à Tenondé Porã, terra Guarani no extremo sul da capital paulista

Por: Estadão Conteúdo  -  23/05/21  -  08:50
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A tekoa Tenonde Porã, também conhecida por aldeia da Barragem, é que possui maior população Guarani Mbya no Brasil. No tour, há exemplos da vivência indígena, artesanato e gastronomia   Foto: Divulgação

Acostumada a levar turmas de alunos a incursões de turismo pedagógico em São Paulo ao longo dos últimos 20 anos, a Terra Nativa buscou um meio de transportar a vivência em campo para a tela. A operadora criou uma expedição virtual à Tenondé Porã, terra Guarani no extremo sul da capital paulista. “A gente gosta de conversar com o passageiro, para conhecer a experiência dele com o assunto e construir em cima. Vai depender muito do público, se a gente falar mais sobre demarcação de terra, artesanato ou culinária”, explica Paulin Talaska, proprietária da empresa. “A ideia é que se possa visitar no futuro, conversar com essas pessoas, retomar o programa de turismo que fez com essa aldeia também se mantivesse no lugar”, completa.


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A previsão é continuar com as expedições virtuais depois da pandemia para que o viajante já vá ao lugar com algum conhecimento prévio e possa aprofundá-lo presencialmente. Em 2020, uma das escolas parceiras da Terra Nativa organizou a venda de artesanato da comunidade por um perfil de Instagram. O movimento, encerrado em janeiro deste ano, rendeu R$ 1.451 aos Guaranis pela venda de 30 produtos.


Como funciona


O guia se mantém conectado on-line com o viajante virtual, enquanto exibe uma gravação feita com a comunidade, com pausas para perguntas e interações sobre a questão indígena. Também é abordado no vídeo o Nhandereko, estilo e filosofia de vida dos Guarani, integrados à natureza e alinhados com uma concepção mais universal. Dura em média 1h30 e custa R$ 69 por pessoa - é indicada a participação de 6 a 10 pessoas para estimular o debate.


O guia Matan Ankava comenta que a maioria das pessoas não pensa em indígena morando na metrópole, só na Amazônia. “São Paulo ainda é delimitada por terras indígenas”, diz. O site é o terranativa.com.br (Estadão Conteúdo)


Estímulo do ao vivo serve para o futuro


Acho excelente que as expedições virtuais estejam acontecendo. É um primeiro contato para despertar o interesse. A grande diferença que essas iniciativas podem fazer é em divulgação e que isso possa trazer futuros visitantes. Recomendo que as pessoas busquem depois organizações indígenas e parceiros para apoiá-los na retomada do turismo”, diz a antropóloga Camila Barra, que trabalha com a ONG Garupa.


Na Amazônia, ela indica que os viajantes busquem informações sobre roteiros presenciais no futuro em entidades como a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e parceiros, caso da própria Garupa e do Instituto Socioambiental (ISA).


Camila acredita que apoiar e participar é muito importante, mas como uma solução temporária. “A vivência ao vivo é outra coisa: experimentar dormir na rede, percorrer o território com as pessoas de lá, comer sentado embaixo do telhado de palha ouvindo os conhecimentos. E para eles são dias de festa. Também estão ansiosos para tudo voltar. Nessas experiências, a conexão é de ambos”, conclui.


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