Conexão Brasil-Rússia
O amor, nascido na internet, trouxe duas russas para viver na Baixada Santista
Quase 15 mil quilômetros separam o Brasil da Rússia, considerado o maior país do mundo em extensão territorial, com mais 17 milhões de quilômetros quadrados, localizado na Europa Eurásia, no norte da Ásia. Essa distância entre os dois países, no entanto, foi reduzida exponencialmente pela internet e uniu dois casais apaixonados que acabaram formando suas famílias na Baixada Santista, mais precisamente em Santos e São Vicente. Este é o enredo principal das histórias de Daria Buliukina Ferreira e Anna Tyutyun-Lucio, duas russas que deixaram suas famílias e carreiras no seu país de origem há mais de seis e sete anos, respectivamente, para viver um grande amor por aqui. E deu certo.
E se, no momento, não é possível viajar fisicamente, que tal embarcar numa viagem imaginária para a Rússia, e se programar para o futuro, quando a pandemia acabar?
Para nós, Daria e Anna destacaram o que há de mais bonito para se conhecer no país delas, famoso pelo Balé Bolshoi, da capital Moscou, e Mariinski, de São Petesburgo. Não faltam também palácios – como o icônico Kremlim, além de museus, florestas e até praias subtropicais. O esporte olímpico também é outra referência do país.
Amigas desde que chegaram à região, Daria e Anna confessam que a saudade das famílias é gigante, mas que o modo de vida que mantêm aqui compensa o sacrifício.
Daria Buliukina Ferreira
Daria Ferreira, russa que mora em Santos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Daria tem 31 anos, é formada em Turismo, Serviço social e Cultural. Está em Santos há pouco mais de seis anos. “Eu nasci numa cidade que se chama Tomsk, na Sibéria. Em 2015, conheci meu marido, Victor, pela internet. Daí ele me chamou pra vir aqui, conhecer o Brasil e ele. Eu era apaixonada pelo Brasil. Desde pequena já assistia às novelas que mostravam na tevê russa. Já ouvia muito do Carnaval e decidi vir aqui e ver tudo pessoalmente”, relata ela, que aproveitou o mês de férias para voar para cá. “Eu simplesmente comprei passagem e vim. Agora já formamos a nossa família e temos nossa filha, a Elena”.
Entre as principais diferenças entre Brasil e Rússia, Daria destaca o clima, a cultura e o modo de vida, “tudo muito diferente”. “Mas sabe o que é bom, é que eu consegui aprender muitas coisas boas daqui e integrar com a minha experiência de vida”, conta ela, que não hesita ao declarar seu amor à praia: “Adoro praia, mar. Me adaptei bem! (risos). Como fala meu marido: Se eu gosto de ir na praia? Sim ou com certeza?”, brinca.
Daria não esconde também que sente muita falta da família. Afinal, todos estão lá. “Mas a gente conversa todos os dias. Também sinto falta dos meus amigos e da comida russa”.
Já sobre o que os brasileiros gostam mais da Rússia, Daria destaca o strogonofe – prato de origem russa – como um dos preferidos, apesar do seu preparo ser bem diferente do daqui. “O strogonofe de lá é um pouco diferente, se come com purê de batata e aqui se come com arroz. Minha família gosta quando eu faço panquecas recheadas, gostam de pelmeni(tipo ravióli)”.
Mas e qual é a imagem que os russos têm do Brasil e dos brasileiros? “Os russos veem os brasileiros como pessoas bem abertas, que gostam de abraçar, beijar, Carnaval, e música, samba. Futebol é como religião (risos)”.
Daria também elenca os lugares imperdíveis na Rússia: as famosas cidades, como Moscou e São Petersburgo, além de várias museus, galerias e parques. E também as montanhas Altay, Lago Baikal. Ela aconselha ainda uma visita a Kamchatka, para ver a natureza e comer caranguejos, salmão e caviar. “A Rússia é muito grande e acredito que cada um pode achar alguma coisa interessante”.
Anna Tyutyun-Lucio
Anna, russa que mora em São Vicente. (Foto: Arquivo Pessoal)
Anna Tyutyun-Lucio, de 43 anos, é outra russa que veio para o Brasil e se apaixonou pelo país. Ela mora em São Vicente há mais de sete anos. Natural deSão Petersburgo, é formada em Música e largou tudo depois que se casou com um brasileiro, com quem tem uma filha de 6 anos.
Segundo ela, há uma grande diferença entre Brasil e Rússia. “Em primeiro lugar, o clima e a cultura são muito diferentes. Mas isso não me impediu de me adaptar aqui e já falo português”, conta ela, que, claro, sente muita falta da família e dos amigos russos.
“Às vezes sinto falta da Rússia. Em primeiro lugar, sinto falta da minha família e amigos. E é claro que tive muitas coisas interessantes lá. Foi muito interessante estudar no Conservatório (musical) e depois trabalhar na minha especialidade. Foi um período muito criativo em minha vida. Aqui, é claro, minha vida é mais tranquila”.
Para ela, o Brasil e os brasileiros são bem diferentes dos russos. “Os russos acham que o Brasil é um país muito quente, com belas praias, frutas exóticas e animais, e, claro, que é o país do futebol e do samba!”
Como comparação, ela destaca que na Rússia se dá mais importância ao patrimônio histórico-cultural do país. E dá dois exemplos.
“Moscou, a capital da Rússia, é o centro econômico e político do país, onde também existem muitos monumentos históricos de diferentes épocas da Rússia (dos primeiros czares à história soviética e pós-soviética). Há a Praça Vermelha e o Kremlin, antigas igrejas ortodoxas, bem como o Museu da Cosmonáutica e o VDNKh (centro permanente de feiras e exposições).
Ao mesmo tempo, Anna enfatiza que São Petersburgo, onde nasceu, “é uma cidade completamente diferente” das demais cidades do seu país. “Esta é a (chamada) Veneza do Norte, dos tempos de Pedro I. Esta é a era da europeização do país. E naquela época a capital da Rússia estava lá.
É uma cidade absolutamente europeia. Com as suas tradições culturais e um grande número de museus, palácios, fontes e teatros. Na minha opinião, estas duas cidades absolutamente diferentes representam de forma mais vívida a cultura e a arquitetura da Rússia”.
