Valongo resiste ao tempo e se renova

Hoje, o bairro basicamente ficou com a vocação comercial e suas construções históricas

Por: Júnior Batista  -  04/12/20  -  11:06
Hoje, o bairro basicamente ficou com a vocação comercial
Hoje, o bairro basicamente ficou com a vocação comercial   Foto: Carlos Nogueira/AT

O silêncio das poucas ruas do pequeno bairro Valongo, em Santos, é quebrado com o badalar do Santuário Santo Antônio do Valongo, na cheia de pedras (e histórias) rua São Bento.


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O som é o aviso que são meio-dia, hora do almoço. No balcão logo na entrada do Paulista Bar e Restaurante está Francisco Gonçalves Filho, de 78 anos. O Chico, como é conhecido, proprietário do local, que possui 48 anos funcionando no bairro, faz questão de receber seus clientes logo na entrada até hoje.


Irmão do falecido canhoteiro Gonçalves, do time do São Paulo, com passagem em 1964 pelo Santos, ele se orgulha de fazer parte, também, da história do Valongo. 


Hoje, comemora a tranquilidade que só é quebrada pelas badaladas do sino do Santuário. “É um bairro bom sim. Já foi melhor, mas continua com o mesmo espírito tranquilo e bom movimento. A pandemia deixou tudo mais lento, espero que nos recuperemos logo”, diz. 


É que hoje o Valongo basicamente ficou com a vocação comercial e suas construções históricas. Onde era o Porto do Bispo virou o Largo Marquês de Monte Alegre. Ali concentrava a maior parte das cargas e descargas de uma Santos totalmente comercial.


Da Estação Ferroviária Santos-Jundiaí parte atualmente o bonde. Imponente, o prédio de 1867 resiste ao tempo e mantém sua beleza aos olhos de quem passa por ali. Está lá também o recente Museu Pelé, de 2014.


Mas o tempo passou e, aos poucos, os moradores foram saindo e saindo. As famílias ricas deixaram a região e partiram rumo à Ana Costa, Vila Mathias e à praia. Entretanto, há quem ainda resista ao tempo. 


É o caso da dona Idária Alves de Novaes, de 81 anos. Ela mora no Valongo desde criança. Já são 72 anos acompanhando o desenvolvimento do tempo. “Eu trabalhei muitos anos no Hotel Monte Alegre, que hoje não existe mais. Sempre gostei desse bairro porque é fácil de chegar em todos os lugares. Mas també porque é pequeno, aconchegante”, diz ela, da janela de casa, na Rua Alexandre Gusmão. 


No local, há hoje um grande hotel de esquina. Inaugurado em 2016, trouxe até mais segurança para o local, segundo a aposentada. Não que antes a vida não fosse. “Sempre gostei daqui”, reforça.


A vizinha, pelo contrário, se mudou há pouco tempo para o local. Santista, a contadora Juliana Cristina Costa Gonçalves, de 35 anos resolveu investir na casa e não se arrepende. “É bem tranquilo. Eu gosto porque é uma casa, tem mais espaço”, diz.


O único ponto problemático, em sua visão, é a distância para coisas simples, como comprar pão e ir ao supermercado. “Tem que fazer muita coisa de carro, o que acaba dificultando um pouco. Mas não tenho do que reclamar. É um bairro pequeno e me agradou muito”.


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