Jabaquara: Bairro de Santos une tradição e muitas histórias

Reduto de abolicionistas no século 19, local abrigou um quilombo importante para a história do País. Atualmente lembranças estão registradas na memória de moradores

Por: Por ATribuna.com.br  -  07/11/20  -  12:10
Bairro reúne três ícones da Cidade: Santa Casa, CT do Santos e o estádio da Portuguesa Santista
Bairro reúne três ícones da Cidade: Santa Casa, CT do Santos e o estádio da Portuguesa Santista   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

Com 115 anos de existência, o bairro do Jabaquara é sinônimo de tradição e muitas histórias. Mantém ainda um ar de cidade de interior pelas ruas, com uma comunidade integrada. 


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No Século 19, quando a área ainda era conhecida como Sítio Jabaquara, surgiu o segundo maior quilombo da História. Fundado em 1882, o reduto abolicionista de Quintino de Lacerda abrigava escravos que fugiam de fazendas ou ex-cativos que não tinham destino ou emprego. Muitos desciam a Serra do Mar a pé e ali se fixavam. 


Morando há 14 anos no local, Vera Lúcia Andrade Batista, 57 anos, diz que ama o bairro e sua história, que foi sendo descoberta aos poucos desde que mudou para lá.


“Contam que perto Túnel Rubens Ferreira Martins existiam árvores, que funcionavam como uma espécie de divisa. Ali ficam os quilombolas à espera de escravos fugitivos. Depois que passavam dessa marca, ninguém mais poderia pôr a mão neles”.


Essa foi a primeira informação que ouviu sobre o papel do Jabaquara durante a luta pela libertação dos escravos no País. “Depois disso, fui atrás de outras histórias dos abolicionistas. “Morar aqui, além da importância histórica, é também um sossego e muito bom para as amizades. Conheço todo mundo”, avisa Vera Lúcia. 


Passar do tempo
Com o passar do tempo, o Jabaquara foi urbanizado e passou a abrigar diversas instituições que são referência para a Cidade. Ficam no bairro, por exemplo, a Santa Casa, o Estádio Ulrico Mursa, da Portuguesa Santista, e o Centro de Treinamento (CT) Rei Pelé, do Santos Futebol Clube. Reserva ainda um passeio ao passado e a uma marca registrada: os antigos chalés.
 Na Rua Teodoro Sampaio, eles ainda estão presentes com força e  dão um charme especial para o local.  Remanescentes das primeiras décadas do século passado, foram construídos para funcionários de uma companhia de energia elétrica.


 O conferente Wylsiney Silva Nascimento, 55 anos, vive em um deles há 15 anos. Para ele, cada vez que chega em casa é como se fizesse uma viagem no tempo. “Essas casas foram tombadas. Adora morar aqui. Tem muita história em cada uma delas. Sem contar que a vizinhança é bem integrada. Se você precisar de algo, tem sempre alguém para ajudar. Isso já não existe em muitos lugares”.


Vizinho dele, o estudante Antônio Carlos da Silva, 22 anos, gosta do bairro, mas reclama da falta de manutenção em bueiros e galerias na via. “É só chover que alaga tudo. Os bueiros estão cheios de sujeira tem até monte de marmita ali”.


Cabeleireiro no bairro há 35 anos, João Batista Galvão, 65 anos, reforça a queixa, dizendo que o estabelecimento dele, que fica na mesma rua, também sofre nos dias chuvosos. “E nem precisa chover muito não”.
Apesar do problema, ele diz que tem muita gratidão pelo bairro. Galvão veio do Maranhão aos 27 anos, com a mulher e dois filhos. No Jabaquara nasceu a terceira filha. “Foi aqui que construí minha vida e criei meus filhos”.   
 
Resposta


A Secretaria de Serviços Públicos de Santos informa que fará uma vistoria na segunda-feira (9)  para avaliar a situação da rede de drenagem e caixa de sopé do morro para posteriormente programar a equipe de limpeza.


A administração municipal informou ainda  que, em março, foi feita a limpeza de rede de drenagem em todas as ruas que possuem sistema de drenagem e também foi limpa a caixa de sopé de morro, que fica na rua Teodoro Sampaio.


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