Gonzaga, o coração de Santos

Bairro, que possui mais de 24 mil moradores, possui relação direta com comércio, gastronomia e tradição

Por: Júnior Batista  -  27/10/20  -  13:50
A praça que fica na Avenida Ana Costa era chamada de Praça Marechal Deodoro até 1922
A praça que fica na Avenida Ana Costa era chamada de Praça Marechal Deodoro até 1922   Foto: Francisco Arrais/PMS

Coração de Santos, o Gonzaga abriga todo tipo de público: moradores antigos, jovens em busca de badalação (antes da pandemia, claro) e comerciantes de diversos segmentos. O bairro nobre é também de manifestações políticas, ponto de encontro de turistas e serve de local para comemorações de títulos de futebol, principalmente do Santos. Há quem reclame do barulho, mas a verdade é que só quem mora lá é que pode falar mal. Experimente ser de fora e reclamar que levará um pito.


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O porteiro Arnaldo dos Santos, de 71 anos, é um destes. Morador do Gonzaga há 26 anos, ele reclama da falta do espaço que foi ficando cada vez mais curto por conta do crescimento do bairro ao longo dos anos, mas não sai de lá de jeito nenhum.


“Aqui tem tudo. Comércio, supermercado, os turistas. Tem gente que não gosta do barulho, mas eu prefiro ver gente do que a Cidade vazia”, conta ele, que mora e trabalha num antigo prédio próximo à Praça da Independência. 


A praça que fica na Avenida Ana Costa era chamada de Praça Marechal Deodoro até 1922, quando recebeu o Monumento aos Andradas, estátua que fica no centro da praça. 


O monumento é uma homenagem aos irmãos José Bonifácio de Andrada e Silva,  Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva. A estátua é para homenagear esses nomes influentes na separação do Brasil de Portugal. A pedra foi lançada em 22 de agosto de 1921, com a presença do presidente da República Epitácio Pessoa e do governador Washington Luís. Já a inauguração ocorreu em 7 de setembro de 1922, ocasião em que se comemorou o centenário da Independência. 


Tradição


É no entorno da praça que estão, também, os principais comércios da região, colados à Avenida Ana Costa. Em um deles, o Independência, trabalha o garçom Daniel Praxedes de Queiroz, de 58 anos. Destes, 36 são dedicados ao restaurante, inaugurado em 1960. 


“Aqui já virou ponto de encontro e também lugar onde recebemos artistas, jogadores do Santos. Além de estarmos em frente à Praça, que é palco de manifestações”, diz o garçom, que adora o bairro. “Gosto da agitação, do movimento. É impossível ficar entediado”.


Rua gastronômica


Rua que presta homenagem a um médico sanitarista decisivo no combate ao surto de febre amarela que atingiu Santos na última década do século 19 (o primeiro caso da Cidade foi em 1850), a Toletino Filgueiras ganhou o status de Rua Gastronômica em janeiro de 2018, quando foi sancionada a lei que institui o título à travessa entre a Avenida Washington Luís (canal 3) e a Avenida Ana Costa.


É nesse espaço de dois quarteirões que estão 16 bares e restaurantes dividindo espaço com poucas casas e apartamentos residenciais que sobraram com o avanço comercial. 


O próprio espaço onde fica o restaurante mais antigo da rua, a Cantina Di Lucca, era um casarão que foi revitalizado para abrigar o restaurante especializado na culinária italiana.


Dois de seus proprietários, Marcelo Saraiva e Érika Rodriguez avaliam que o Gonzaga merecia este título pela própria transformação da Tolentino, a exemplo do que ocorre em diversos locais do País e até do mundo.


“Apesar do avanço, nosso maior público ainda é o santista, que mantém uma ligação afetiva com o bairro. O Gonzaga é o coração de Santos e me deixa muito feliz que nós, comerciantes, conseguimos juntos esse título. Mostra que o bairro tem espaço para moradores, comerciantes, artes. O Gonzaga é o coração de Santos”, ressalta Saraiva.


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