FeirArte do Boqueirão completa meio século de tradição

Tradicional encontro de artistas e artesãos santistas teve início na década de 1970, quando um grupo de hippies vendia bijuterias sentado na calçada do Boqueirão

Por: Por ATribuna.com.br  -  25/11/20  -  15:33
Tradição e criatividade: FeirArte da orla de Santos completa 50 anos
Tradição e criatividade: FeirArte da orla de Santos completa 50 anos   Foto: Anderson Bianchi/PMS

Um circo mambembe: dessa forma carinhosa que a artesã Maristela Henrique Silveira, 50 anos, define a Feira de Produtos Artísticos e Artesanais (FeirArte). O espaço, que conquistou o coração do santista, completa 50 anos nesta quarta-feira (25), fica no tradicional trecho na orla do Boqueirão, em frente à Avenida Conselheiro Nébias.  


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A edição realizada na Praça Caio Ribeiro de Moraes e Silva, em frente ao Sesc, no Aparecida, também tem mais de três décadas (são 33 anos).


Para comemorar a data, no próximo domingo (29), os permissionários levarão bolo para cantar parabéns na praça do Sesc. Organizada pela Secretaria de Finanças (Sefin), o evento é realizado aos sábados e domingos, respectivamente na orla do Boqueirão e no Aparecida, das 16h às 22h.  


Com 156 expositores, devido à pandemia, atualmente média de 65 artesãos e criativos gastronômicos participam da feira, respeitando as medidas de prevenção à covid-19. 


São barracas de artesanato, bijuterias, roupas, sapatos, bolsas e artigos esotéricos, além de praça de alimentação. Em meio século da famosa ‘feirinha hippie’, 31 deles têm a participação de Maristela, que atualmente faz arte urbana com materiais recicláveis.  


“A praça está vazia e, quando a gente chega com as ferragens, ela se transforma. Mesmo com as vendas na internet, a essência dos criativos em barracas prevalece no século 21. A FeirArte faz parte do turismo da Cidade, que é celeiro de artistas e artesãos”, diz ela, ressaltando a recente revitalização da Praça Caio Ribeiro de Moraes e Silva. 


Hippies 


Segundo Maristela, a tradição do local começou no final de 1970, com 15 hippies sentados no calçadão da praia do Boqueirão vendendo bijuterias, como brincos, colares, pulseiras, anéis e artesanato. “Aos poucos, ela foi crescendo e hoje somos umas das comunidades de criativos mais antigas do País. Eu abracei a FeirArte, é um vício para mim”, completou a professora aposentada, que já trabalhou com cerâmica branca e sino dos ventos. 


Permissionária há 13 anos, Cássia Farias, 48, do Embaré, começou com bijuterias e agora vende acessórios em tecido para cabelo. Para ela, ‘resistência’ é a palavra que expressa os 50 anos do evento. “Tenho amor incondicional pela FeirArte. Na pandemia fizemos várias postagens no Instagram (@feirartesantos). Além de vender meus produtos, que ajudam no orçamento em casa, aqui me sinto bem. Muita gente formou seus filhos trabalhando na feira”. 


Sino dos ventos 


Sofia Rey Ribeiro, 9, do Campo Grande, foi pela primeira vez na feira do Aparecida com a mãe, no último domingo (22). Seu propósito: fazer um tererê no cabelo. “É a primeira vez que faço um tererê. Minhas amigas já tinham feito e eu achei bonito. Gosto de artesanato, é muito diferente. Achei maravilhoso o meu e estou amando a feira”. Já sua mãe, a farmacêutica Daniela Rey, 45, conta que “vinha quase todo fim de semana” passear no local. 


Na barraca do artesão Rodrigo Escorse, 39, bons ventos sopram. Afinal, ali, há 7 anos, ele comercializa sino dos ventos, além de pulseiras e colares, muitas dos quais criados durante a feira pelas suas mãos. “Tem gente que prefere a peça feita na hora, então eu faço. Eu vivo disso, trabalho a semana toda produzindo para vender no fim de semana”. 


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