Feirantes protestam contra restrições no 'retorno' ao trabalho em Santos

Barracas foram montadas sem produtos expostos na feira da rua Oswaldo Cruz, no bairro Boqueirão

Por: Rosana Rife  -  06/04/21  -  14:42
Entre as medidas, estão a montagem das barracas de apenas um lado das vias
Entre as medidas, estão a montagem das barracas de apenas um lado das vias   Foto: Carlos Nogueira/AT

No retorno dos feirantes ao trabalho, nesta terça-feira (6), em Santos, eles decidiram protestar montando as barracas, mas sem levar nenhuma mercadoria.


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A maioria compareceu vestido de preto para chamar a atenção da clientela. Eles também decidiram coletar assinaturas para reforçar o pedido da volta tradicional das vendas.


De acordo com o decreto do Município que autorizou o retorno ao trabalho, só poderiam ser montadas barracas de hortifrutigranjeiros. Elas deveriam estar com tamanho reduzido, manter o distanciamento e ocupar apenas um lado da via.


O ato foi feito nas quatro feiras que ocorrem as terças, no Aparecida, Marapé, Vila Mathias e no Boqueirão. Juntas, elas somam aproximadamente 530 barracas. Em todas, foram colocadas faixas com frases como 'Todo serviço é essencial. Todo comércio é necessário'.


Há 15 anos atuando no ramo e representando os comerciantes da feira da Oswaldo Cruz, Miriam Sugando, diz que esse é o recado da categoria. Ela conta ainda que a forma como foi planejado o retorno da categoria não favoreceu o trabalho.


"Se fizessem da forma tradicional, todo mundo ia reduzir as barracas em dois metros. Haveria espaçamento entre elas. Agora se você reduz muito gera aglomeração. E outra: todo mundo precisa trabalhar. Não é possível alguns feirantes poderem e outros não".


Eles também tiveram problemas com a vizinhança, segundo ela, porque a Prefeitura teria espalhado as barracas por ruas vizinhas, onde tradicionalmente não são erguidas.


"Eles não colocaram cartazes, faixas avisando nada. Apenas demarcaram locais sem avisar os moradores até em ruas laterais que nunca tiveram barracas e o pessoal veio brigar com a gente. Mas não é nossa culpa. Queremos a feira tradicional de volta".


O aposentado Carlos Nascimento, 77 anos, planejava levar frutas para casa. Mas se deparou com o protesto e decidiu apoiar participando do abaixo-assinado.


"É válido trabalhar. Se estiverem usando máscara e mantendo distanciamento, acho que é possível vir à feira".


A dona de casa Leonilda Barbosa da Silva, 51 anos, é cliente há tempos da feira no Boqueirão e, por isso, também assinou o documento.


"Todo mundo tem que trabalhar, senão as pessoas vão morrer de fome. Seguindo as regras, é possível. E a gente também é beneficiado, porque você vai no mercado e paga muito mais caro".


Em nota, a Prefeitura de Santos afirmou que tem dialogado com vários segmentos desde o início da pandemia e continua aberta para diálogo com todos. Confira nota na íntegra:


A Prefeitura esclarece que as novas medidas sanitárias nas feiras livres, com maior distanciamento das barracas, uso de álcool e redução do tamanho original, são necessárias para a segurança de todos usuários e trabalhadores, e fundamentais para conter aglomerações.


A Administração destaca que dialoga com os diversos segmentos da sociedade desde o início da pandemia e, principalmente, no presente momento, quando Santos e as demais cidades do país atravessam o pior momento da crise sanitária causada pela covid-19.


Visando diminuir os impactos causados pelas medidas restritivas necessárias e recomendadas por autoridades em Saúde para evitar o colapso na rede hospitalar, a Prefeitura encaminhou, no mês passado, um pacote de incentivos fiscais para os setores mais atingidos pelas regras da fase vermelha decretada pelo governo estadual, e pela necessidade de lockdown na Baixada Santista. As medidas de moratória de tributos municipais foram aprovadas pelo Legislativo e serão sancionadas nos próximos dias.


Na última quarta-feira (31), o Município ampliou ainda mais essas medidas criando o programa Incentiva Santos orçado em R$ 61,5 milhões entre auxílios financeiros, cestas básicas, capacitações, dispensas de taxas e perdão de dívidas. Detalhes neste link.


Em conjunto com as demais cidades da região, Santos estabeleceu novas regras flexibilizando atividades econômicas após o período de lockdown. Essas medidas constam no Decreto 9.287, de 4 de abril de 2021, que permite o retorno do funcionamento das feiras livres sob protocolos sanitários necessários para conter o avanço do coronavírus. Detalhes aqui.


Para atender as localidades onde não há feiras próximas, poderão ser implantadas minifeiras com até oito barracas, em praças e outros pontos, em dias e horários de preferência da comunidade e feirantes. Até o momento, não houve adesão e/ou indicação de locais para esta alternativa.


Manifestações pacíficas fazem parte da democracia e devem ser respeitadas, com os pleitos ouvidos e discutidos com atenção, seriedade e responsabilidade. A Prefeitura permanece aberta para diálogo com todos. O momento prioriza a saúde e a vida. Exige colaboração de toda a sociedade em busca de alternativas para que a crise que todos enfrentamos seja superada.


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