Reunião em Santos define possível paralisação de caminhoneiros da região após nova alta do diesel

Frete sofre reajuste de 5% e preocupa profissionais da Baixada Santista e Vale do Ribeira

Por: Sandro Thadeu  -  21/06/22  -  10:05
Frete sofre reajuste de 5% e preocupa profissionais da Baixada Santista e Vale do Ribeira
Frete sofre reajuste de 5% e preocupa profissionais da Baixada Santista e Vale do Ribeira   Foto: Arquivo/AT

O valor dos fretes terá reajuste mínimo de 5%, em caráter emergencial, segundo a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística). A entidade representa cerca de 15 mil empresas desse segmento. Em Santos, o Sindicam fará uma reunião nesta terça, às 14h, para discutir a situação dos motoristas vinculados a cooperativas da Baixada Santista e Vale do Ribeira.


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Essa é uma consequência direta do aumento de 14,26% no preço do diesel para as distribuidoras anunciado pela Petrobras, na última sexta-feira, e que passou a valer no dia seguinte.


Outro efeito colateral da alta do diesel é uma possível paralisação dos caminhoneiros autônomos, que se sentem prejudicados com os constantes aumentos, conforme apurado por A Tribuna com lideranças da categoria.


Enquanto o preço médio do litro do diesel subiu 57% nos últimos 12 meses, segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o piso do frete de carga geral no Brasil sofreu uma correção de apenas 29,7%, o que tem afetado o ganho dos trabalhadores.


O presidente da Abrava, Wallace Landim, o Chorão, diz que a categoria está sofrendo com os constantes reajustes do diesel
O presidente da Abrava, Wallace Landim, o Chorão, diz que a categoria está sofrendo com os constantes reajustes do diesel   Foto: Divulgação

O engenheiro civil e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marcus Quintella afirma que o diesel representa, em média, 35% do custo operacional do transporte de cargas. Por esse motivo, esse custo é repassado para o frete, mas é difícil mensurar o real impacto no preço dos produtos.


Ele não descarta a possibilidade de uma paralisação dos caminhoneiros, mas faz ponderações.


“A alta nos combustíveis é um fenômeno mundial. Se o trabalhador parar, ele vai viver de que forma? Quanto tempo eles conseguirão manter os braços cruzados? É uma decisão complicada de os autônomos tomarem”, justifica o docente, que atua como diretor da FGV Transportes.


Dificuldades

O presidente dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam), Luciano Santos de Carvalho, afirma que nesta terça-feira (21), às 14 horas, ocorrerá uma reunião na sede da instituição, em Santos, com representantes das associações e cooperativas da região para discutir a situação da categoria.


“Estamos sofrendo com os constantes aumentos do diesel. Precisamos definir o caminho que iremos seguir. Se será uma manifestação ou uma paralisação, que poderá ocorrer a qualquer momento. Não adianta ser uma ação partindo apenas de Santos, mas que ocorra em todo o território nacional”, diz.


Como Carvalho, o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, afirma que muitos caminhoneiros poderão parar naturalmente por não terem condições de rodar pelo País.


“O transportador autônomo corre o risco de parar, sim. Estamos fazendo um trabalho de organização da categoria. Em 2018, a gente parou por muito menos. Nesse cenário econômico, uma paralisação com a mesma força daquele ano seria como acabar de matar os nossos companheiros e as famílias mais pobres”, pondera.


Ele comenta ainda que falta “coragem e pulso firme para o presidente (Jair) Bolsonaro (PL) enfrentar os acionistas da Petrobras e dar um fim ao PPI (Preço de Paridade de Importação)”.


Instituído em 2016, na gestão do então presidente Michel Temer (MDB), o PPI atrela os preços dos combustíveis no mercado interno à variação do custo do petróleo no mercado internacional.


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