Porto de Santos vê falta de mão de obra qualificada na Baixada Santista

Empresas que atuam no cais santista citam dificuldade na contratação de novos funcionários

Por: Fernanda Balbino  -  25/04/21  -  13:54
   Conteineiro navega pelo canal do Porto de Santos: ausência na mão de obra qualificada afeta desenvolvimento das atividades do complexo
Conteineiro navega pelo canal do Porto de Santos: ausência na mão de obra qualificada afeta desenvolvimento das atividades do complexo   Foto: Carlos Nogueira/AT

Falta mão de obra qualificada para o desenvolvimento de tecnologias voltadas ao setor portuário na região. A afirmação é de especialistas desse segmento, que apontam o problema como um dos entraves na elaboração de novas soluções para o Porto de Santos. Há empresas que apostam em treinar profissionais para ampliar suas equipes.


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Em um cenário de competição entre terminais portuários e de busca por melhores níveis de eficiência, as inovações tecnológicas são uma ferramenta imprescindível no setor. Geralmente, essas soluções são pensadas por especialistas que se debruçam sobre um tema para resolver problemas ou aprimorar procedimentos já executados em armazéns, transportadoras ou ainda em toda a cadeia logística.


Mas, na hora de formar uma equipe direcionada ao setor portuário, os problemas aparecem já na hora da contratação. Para o sócio-fundador da T2S Tecnologias, Soluções e Sistemas, Ricardo Pupo Larguesa, faltam cursos direcionados para este segmento. E, com isso, faltam profissionais que já entendem da atividade.


“Na pandemia, a demanda aumentou e o problema (de falta de pessoal) ficou ainda mais evidente. O setor portuário não pode parar e as empresas precisaram de mais sistemas e de adequações para que os de uso interno pudessem ir para fora, já que os profissionais estavam em home office. Foi um esforço de segurança e infraestrutura”, afirmou Larguesa, que também é professor universitário.


Na outra ponta, a da formação, o empresário aponta outro problema: a falta de aptidão dos estudantes. “Muitos se matriculam porque escutam falar que a área está pujante, empregando muito e com bom salário. Mas é preciso ter uma base boa de matemática, lógica, inglês”, explicou Larguesa.


Segundo o CEO da Zero Treze Innovation Space, Marco Riveiros, o problema é maior do que se imagina. Ele cita um estudo que aponta a demanda anual por novos talentos projetada, entre 2019 e 2024, em 70 mil profissionais. Porém, apenas 46 mil pessoas se formam ao ano no Ensino Superior com o perfil necessário para atender essas vagas. “Não é uma demanda nacional e nem setorial. A escassez de mão de obra qualificada em tecnologia é global”, destaca o executivo.


Para o diretor de Tecnologia da Modalgr, Luiz Simões, diante do crescimento da demanda nos últimos quatro anos, o crescimento da empresa esbarra na falta de profissionais qualificados. Atualmente, são mais de 50 vagas abertas e nenhum candidato preenche os requisitos necessários.


Hoje, a Modalgr, que começou com apenas duas pessoas, conta com 170 profissionais. Mas a expectativa de Simões é ampliar o número para entre 250 e 300 funcionários em breve. “Vai ser difícil dar conta do volume de trabalho nos próximos dois ou três anos com a mão de obra existente e em formação”, afirmou Simões.


Formação


O diretor Comercial da IPort Solution, Vander Serra de Abreu, aponta que, nesta fase de pandemia, o ensino a distância impossibilita, por exemplo, visitas técnicas das universidades aos terminais e empresas portuárias – o que atrasa ainda mais o desenvolvimento desses futuros profissionais. Por outro lado, graças à tecnologia, videoconferências encurtam o espaço entre esses profissionais e o mercado, trazendo benefícios ao processo de aprendizado.


“Também sinto falta de que as universidades locais foquem nos cursos de tecnologia, sejam eles de bacharelado ou engenharia, os estudos para solução dos problemas portuários, que são diversos. Grupos de estudo de tecnologia portuária são necessários”, aponta Abreu. Segundo ele, um importante movimento seria a integração de órgãos fiscalizadores no fomento de pesquisa e inovação.


“O profissional de tecnologia do setor portuário, primeiramente, tem que ter em seu sangue a inovação tecnológica e saber ou querer aprender sobre quais são os serviços portuários que devem ser automatizados, por trazerem ganhos diretos financeiros e de performance para as empresas portuárias. As empresas buscam ROI (retorno sobre o investimento) e os profissionais buscam conhecimento e crescimento pessoal e profissional”, afirmou Abreu.


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