Porto de Santos se destaca em estudo sobre impacto das mudanças climáticas

Cais santista está entre os complexos com maior risco climático, diz Antaq

Por: Matheus Müller  -  30/07/21  -  15:14
 Complexo e outros dois entram em nova fase de estudos feitos pela agência e por instituição da Alemanha
Complexo e outros dois entram em nova fase de estudos feitos pela agência e por instituição da Alemanha   Foto: Carlos Nogueira/AT

Os complexos portuários de Santos, Aratu (BA) e Rio Grande (RS) foram selecionados entre 21 portos públicos brasileiros para a segunda fase do estudo sobre o impacto das mudanças climáticas nos portos brasileiros. A seleção ocorreu por terem apresentado maior risco climático na primeira fase e representatividade regional (ao menos um porto por região geográfica).


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Segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery, a expectativa é que, além de fomentar políticas públicas do setor que incorporem o risco climático em projetos portuários, essas informações ajudem a aprimorar a regulação e a fiscalização exercidas pelo órgão.


O trabalho, da Antaq e da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), também considerou o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) na escolha dos portos. “Com relação à seleção do Porto de Santos, ele é estratégico para a Antaq, pois está considerado na lista do PPI e tem a pior posição no ranking de risco climático, considerando os portos da Região Sudeste”, diz o superintendente de Desempenho, Desenvolvimento e Sustentabilidade da agência, José Renato Fialho.


O gestor também aponta que o cais santista está sob maior risco de ameaças de vendaval, aparece em segundo lugar no ranking geral no cenário atual e em terceiro lugar para 2050. Quanto ao aumento do nível do mar, aparece em quarto no ranking geral para 2050. A análise se baseia no cruzamento de dados observados com cenários futuros, de forma prioritária.


“As mudanças climáticas podem ser abordadas tanto pela frente da mitigação dos seus impactos quanto pela adaptação das estruturas aos impactos. Como exemplo de ações, podemos citar (...), mais especificamente nos casos dos portos, proteção de áreas de manguezais e matas ciliares na área de influência do empreendimento”, ressalta.


Foco do estudo


Fialho explica que, no estudo voltado à adaptação das estruturas para as ameaças já percebidas ou consideradas certas, “as medidas podem ser representadas por execução de obras de engenharia que visam à proteção e ao incremento de robustez e abrigo da infraestrutura e superestrutura portuárias, obras de drenagem e de alteração na linha de costa”.


Em relação ao último tópico, o superintendente destaca “o desenvolvimento e a aquisição de equipamentos portuários com capacidade de operar sob circunstâncias meteorológicas e oceanográficas mais adversas.”


Sem ação, declínio também será econômico


Diante do atual cenário, se nada for feito para mitigar os impactos dos eventos climáticos, o superintendente de Desempenho, Desenvolvimento e Sustentabilidade da Antaq, José Renato Fialho, prevê problemas às atividades portuárias.


“Os riscos decorrentes de eventos climáticos extremos, como tempestades extremas, ressacas e elevação do nível do mar, podem representar uma alteração nos procedimentos e velocidade de embarque de cargas. Também, um aumento das inundações, que afetam os movimentos nos portos e causam danos às mercadorias armazenadas, menor navegabilidade dos canais de acesso e interrupção dos negócios”, diz.


Fialho aponta que, com a maior frequência desses eventos, os portos devem registrar aumento em seus processos de assoreamento e erosão, interrupção da navegação nas regiões portuárias (por motivos de segurança) e, até mesmo, inundação de pátios de terminais e áreas próximas — como zonas urbanas.


“Esses eventos causam prejuízos tanto econômicos para o Porto como atrasos nas operações. Em conjunto, os impactos podem representar aumento dos custos dos complexos portuários e, ainda, afetam a durabilidade e a resistência das infraestruturas e equipamentos portuários frente às condições ambientais e climatológicas”, menciona o superintendente.


Mais itens

O levantamento relativo a essa etapa deve contemplar uma análise detalhada dos dados operacionais dos portos e um histórico de danos e prejuízos causados por eventos climáticos, a ser fornecido por cada porto. O estudo ainda incluirá uma descrição das infraestruturas (canais de acesso, bacias de evolução, quebra-mares e berços de atracação), superestruturas portuárias afetadas (equipamentos para movimentação de cargas e armazéns) e as ameaças climáticas que originaram o sinistro e a data da ocorrência, identificando o nível de perigo a que cada estrutura portuária está sujeita.


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