Os complexos portuários de Santos, Aratu (BA) e Rio Grande (RS) foram selecionados entre 21 portos públicos brasileiros para a segunda fase do estudo sobre o impacto das mudanças climáticas nos portos brasileiros. A seleção ocorreu por terem apresentado maior risco climático na primeira fase e representatividade regional (ao menos um porto por região geográfica).
Segundo o diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery, a expectativa é que, além de fomentar políticas públicas do setor que incorporem o risco climático em projetos portuários, essas informações ajudem a aprimorar a regulação e a fiscalização exercidas pelo órgão.
O trabalho, da Antaq e da Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), também considerou o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) na escolha dos portos. “Com relação à seleção do Porto de Santos, ele é estratégico para a Antaq, pois está considerado na lista do PPI e tem a pior posição no ranking de risco climático, considerando os portos da Região Sudeste”, diz o superintendente de Desempenho, Desenvolvimento e Sustentabilidade da agência, José Renato Fialho.
O gestor também aponta que o cais santista está sob maior risco de ameaças de vendaval, aparece em segundo lugar no ranking geral no cenário atual e em terceiro lugar para 2050. Quanto ao aumento do nível do mar, aparece em quarto no ranking geral para 2050. A análise se baseia no cruzamento de dados observados com cenários futuros, de forma prioritária.
Fialho explica que, no estudo voltado à adaptação das estruturas para as ameaças já percebidas ou consideradas certas, “as medidas podem ser representadas por execução de obras de engenharia que visam à proteção e ao incremento de robustez e abrigo da infraestrutura e superestrutura portuárias, obras de drenagem e de alteração na linha de costa”.
Em relação ao último tópico, o superintendente destaca “o desenvolvimento e a aquisição de equipamentos portuários com capacidade de operar sob circunstâncias meteorológicas e oceanográficas mais adversas.”
“Os riscos decorrentes de eventos climáticos extremos, como tempestades extremas, ressacas e elevação do nível do mar, podem representar uma alteração nos procedimentos e velocidade de embarque de cargas. Também, um aumento das inundações, que afetam os movimentos nos portos e causam danos às mercadorias armazenadas, menor navegabilidade dos canais de acesso e interrupção dos negócios”, diz.
Fialho aponta que, com a maior frequência desses eventos, os portos devem registrar aumento em seus processos de assoreamento e erosão, interrupção da navegação nas regiões portuárias (por motivos de segurança) e, até mesmo, inundação de pátios de terminais e áreas próximas — como zonas urbanas.
“Esses eventos causam prejuízos tanto econômicos para o Porto como atrasos nas operações. Em conjunto, os impactos podem representar aumento dos custos dos complexos portuários e, ainda, afetam a durabilidade e a resistência das infraestruturas e equipamentos portuários frente às condições ambientais e climatológicas”, menciona o superintendente.
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O levantamento relativo a essa etapa deve contemplar uma análise detalhada dos dados operacionais dos portos e um histórico de danos e prejuízos causados por eventos climáticos, a ser fornecido por cada porto. O estudo ainda incluirá uma descrição das infraestruturas (canais de acesso, bacias de evolução, quebra-mares e berços de atracação), superestruturas portuárias afetadas (equipamentos para movimentação de cargas e armazéns) e as ameaças climáticas que originaram o sinistro e a data da ocorrência, identificando o nível de perigo a que cada estrutura portuária está sujeita.