Porto de Santos é autorizado a receber navios com até 366 metros

Embarcações da classe New Panamax podem transportar cerca de 14 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés)

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  24/02/21  -  09:08
Canal deverá ter 15,3 metros de profundidade para permitir navegação de navios de grande porte
Canal deverá ter 15,3 metros de profundidade para permitir navegação de navios de grande porte   Foto: Arquivo/Carlos Nogueira/AT

O Porto de Santos foi autorizado pela Marinha do Brasil a receber navios com até 366 metros de comprimento. Porém, algumas recomendações deverão ser seguidas para garantir a segurança no canal de navegação do cais santista. Elas incluem a presença de rebocadores de reserva, além de condições específicas de ventos e velocidade.


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Hoje, o cais santista recebe embarcações de até 340 metros, com capacidade para transportar cerca de 9 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). Agora, com a autorização da Marinha, até 14 mil TEU poderão ser transportados pelos cargueiros de 366 metros de comprimento e 52 metros de boca (largura), da classe New Panamax.


Mas, para que isto aconteça, o capitão de mar e guerra Marcelo de Oliveira Sá, comandante da Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP), determinou uma série de recomendações. Uma delas prevê que a Autoridade Portuária de Santos (APS) apresente levantamentos hidrográficos a cada três meses.

Na prática, a estatal que administra o Porto de Santos deverá informar periodicamente as profundidades de todos os trechos do canal de navegação. Caso contrário, não será permitido o tráfego dos navios entre 340 e 366 metros de comprimento.


Para que as manobras de entrada e saída desses cargueiros sejam realizadas, os ventos devem der se até 15 nós, o equivalente a 28 quilômetros por hora, uma brisa moderada. A visibilidade deve ser maior do que 1 milha náutica, cerca de 1,8 quilômetro, no estofo da maré.


As manobras deverão ser realizadas por dois práticos, sendo que um deles deve ter uma especialização específica para a condução de grandes cargueiros. Os profissionais deverão portar o Portable Pilot Unit (PPU), um tablet que auxilia as operações com dados.


De acordo com a Autoridade Marítima, ao longo de todo o canal, as manobras deverão ser realizadas em velocidade máxima de 7 nós, 12,9 quilômetros por hora. O objetivo é minimizar os efeitos da interação hidrodinâmica, com os navios que já estão atracados.


Já nos pontos considerados críticos, entre os armazéns 38 e 39, na Ponta da Praia, no TEG/Teag, na Margem Esquerda (Guarujá), e no trecho entre Outeirinhos e o armazém 12A, no Paquetá, a velocidade deve ser ainda menor, de 11,1 quilômetros por hora ou 11 nós.


As manobras deverão contar com dois rebocadores com 70 toneladas e 60 toneladas de tração, respectivamente. Nas 12 primeiras manobras (duas de entrada e duas de saída para cada um dos três terminais de contêineres do cais santista), deverão ser mantidos dois rebocadores de reserva para evitar efeitos hidrodinâmicos.


Durante a entrada e a saída de navios com mais de 340 metros do Porto de Santos, a travessia de balsas será interrompida e as embarcações deverão permanecer em suas gavetas.


Trâmite


Para garantir a autorização da Marinha, foi necessário um estudo que contou com representantes da Praticagem de São Paulo e da Universidade de São Paulo (USP). Foram realizadas simulações de manobras para avaliação da interação hidrodinâmica e dos planos de amarração.


Os pesquisadores utilizaram simulações matemáticas em que foram levados em conta o cenário atual do canal, com profundidade de 15 metros, e um cenário futuro, com profundidade de 17 metros, viável para navios de até 15 mil TEU.


Os três terminais de contêineres do Porto de Santos, a Brasil Terminal Portuário (BTP), na Alemoa, a DP World, na Área Continental de Santos, e a Santos Brasil, na Margem Esquerda (Guarujá) também fizeram estudos sobre a manobrabilidade.


Todos os dados foram analisados pela Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP) e pela Diretoria de Portos e Costas (DPC) da Marinha do Brasil.


Mercado


De acordo com a Autoridade Portuária de Santos (APS), a movimentação de contêineres vem aumentando de forma constante ao longo dos anos. Houve um recuo na primeira metade do ano passado, por conta dos impactos da pandemia de covid-19, mas uma recuperação a partir de julho que chegou ao recorde mensal em dezembro.


Este ano já começou com recorde estabelecido em janeiro e a perspectiva é de que o crescimento seja ainda maior, com a autorização da chegada de navios 366 metros.


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