Porto de Santos é a principal rota da cocaína

Nos últimos cinco anos, mais de 50% das apreensões no País ocorreram no cais santista; Alfândega e Polícia Federal apertam o cerco

Por: Matheus Müller  -  07/02/21  -  22:20
O Porto de Santos, o porto do Brasil!
O Porto de Santos, o porto do Brasil!   Foto: Matheus Tagé

O Porto de Santos tem batido constantes recordes em apreensão de cocaína. Nos últimos cinco anos, o volume da droga barrada no cais santista foi, em média, 55% do total retido no Brasil. Ou seja, mais da metade da cocaína que entra ou sai do País passa pela Baixada Santista.


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Em 2020, mesmo com a crise sanitária causada pela covid-19, a Receita Federal do Brasil (RFB) e Polícia Federal (PF) apreenderam 20,5 toneladas do entorpecente no Porto, ante as 46,7 toneladas em toda a federação. Foi o primeiro ano, desde 2015, em que houve queda nos números.


O volume menor, no entanto, não é reflexo de uma eventual diminuição das ações dos órgãos fiscalizadores. Pelo contrário, com 49 operações, 2020 teve o segundo maior número de intervenções da RFB e PF desde 2013. O recorde absoluto ocorreu em 2019: 27 toneladas de cocaína apreendidas em 56 investidas.


>> Confira o volume de apreensões de cocaína ano a ano


“A cocaína é, de longe, a principal droga exportada no Porto de Santos. Maconha aparece em segundo lugar, muito abaixo dos números de cocaína. Também já apareceu haxixe e MDMA (droga sintética), mas são números desprezíveis frente à cocaína”, disse o chefe da delegacia de Polícia Federal em Santos, André Costa de Melo.


Inteligência e tecnologia


Ambos os órgãos destacam as ações integradas, o serviço de inteligência e a tecnologia, como fatores fundamentais para o combate ao crime. A RFB destaca, por exemplo, a Central de Operações e Vigilância (COV), inaugurada em 2013.


Segundo a RFB, o sistema consiste em um monitoramento dos recintos alfandegados sob jurisdição da Alfândega de Santos, através de computadores que permitem a visualização das imagens de 2.500 câmeras e dos escâneres de cargas à distância. Ele possibilita o acesso aos dados dos sistemas de controle das operações aduaneiras nesses recintos.


Além dos dados obtidos por meio dessas ferramentas tecnológicas, a fiscalização aduaneira tem dentro da COV a possibilidade de consultar os sistemas informatizados da própria RFB e de efetuar a liberação ou o bloqueio das cargas de importação ou de exportação – em algumas situações, inclusive, sem presença física do servidor.


Apesar dos sistemas de controle de carga e o desenvolvimento de novas ferramentas de vigilância, o delegado da Alfândega da Receita Federal no Porto de Santos, Richard Fernando Amoedo Neubarth, aponta o principal destaque nesse combate é: “o servidor aduaneiro da RFB”.


"É muito bem treinado e está sempre disposto a combater os ilícitos relacionados às operações de comércio exterior”, reforça.


O chefe da PF destaca ainda a relação mantida com outras autoridades. “A troca de informações e o desencadeamento das ações em conjunto é primordial para o êxito destes trabalhos (...) é de se destacar o uso de scanners e de cães. A colaboração e troca de informações entre os países também são importantes. Temos canal de contato direto estabelecido com as polícias dos países europeus”.


Após a apreensão


De acordo com o chefe da delegacia da PF, após a apreensão, a droga é encaminhada para destruição em fornos industriais. Melo ressalta que o sistema de repressão criminal é voltado para a punição de pessoas (com penas de privação de liberdade e de multa).


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