Porto de Santos busca soluções para velhos problemas com ajuda de startups e tecnologia

Autoridade Portuária assina na segunda-feira (23) acordos com empresas visando o desenvolvimento de sistemas

Por: Ágata Luz  -  21/05/22  -  17:31
Otimizar a logística e solucionar antigas demandas do Porto de Santos são os objetivos dos acordos a serem assinados por empresas e SPA
Otimizar a logística e solucionar antigas demandas do Porto de Santos são os objetivos dos acordos a serem assinados por empresas e SPA   Foto: Alexsander Ferraz/AT

Com os objetivos de atingir um novo patamar em relação à inovação e servir de referência ao setor, o Porto de Santos aposta na parceria com duas startups para o desenvolvimento de sistemas tecnológicos que ajudem a otimizar a logística e solucionem antigas demandas. Os acordos de cooperação técnica da Santos Port Authority (SPA), estatal que administra o Porto, com as empresas Navalport e a Logshare serão assinados na segunda-feira (23), em São Paulo.


Clique, assine A Tribuna por apenas R$ 1,90 e ganhe centenas de benefícios!


Em 2021, a SPA criou um comitê de inovação que, por meio do Cubo Itaú (centro de fomento ao empreendedorismo), encontrou em um projeto da Logshare as soluções para melhorias no compartilhamento de carga e visualizou na Navalport a chance de otimizar a gestão e a programação dos berços de atracação.


Sem ônus financeiro à Autoridade Portuária, os acordos são válidos por 12 meses, renováveis pelo mesmo período. De acordo com o diretor de Operações da SPA, Marcelo Ribeiro, as duas empresas têm muito a agregar e trazer soluções a demandas constantes no Porto.


“O gerenciamento dos berços, por exemplo, envolve a sincronia de vários modais”, explica Ribeiro. Segundo ele, haverá a integração dos sistemas dos terminais à plataforma de agendamento para caminhões da SPA (Sealog) e ao sistema de monitoramento de navios (AIS). Já a ferramenta Port Insght melhorará a gestão de berços de atracação, diminuindo o tempo de espera no Porto.


“Chegaremos à terceira parceria desde novembro (a primeira foi com a Wilson Sons e a DockTech, voltada ao uso de tecnologia inédita de monitoramento do leito marítimo). Existe uma preparação da Autoridade Portuária para fazer essa virada de chave e colocar o Porto de Santos em um novo patamar tecnológico”.


O diretor da SPA entende que as novas práticas poderão se tornar um ganho no processo de desestatização da Autoridade Portuária, que deve ser concluído no fim do ano. “Parcerias dessa natureza agregam valor”.


Frete retorno
Atuante no segmento de varejo e indústria, a Logshare fala em ineditismo no setor portuário com a plataforma especializada na monetização do frete retorno (quando o caminhão retorna carregado ao local de origem).


“Hoje, veículos abastecem o Porto de Santos para exportação, não têm carga para retornar e ficam à espera de uma oportunidade, influenciando o ambiente portuário”, explica o COO (diretor operacional) da Logshare, Glauber Alves. Segundo ele, essa realidade faz os motoristas ficarem parados por um longo período de tempo e as transportadoras acabam arcando com os custos elevados.


Ele entende que a solução poderá trazer competividade ao País. “Quando a gente fala de backhaul (viagem de retorno com carga) para portos, nenhum lugar do mundo consegue fazer isso de forma eficiente. E encontramos esse casamento de ideias e de visão com o Porto de Santos”.


Gestão de manobras
Por sua vez, a NavalPort atua com a Port Insight, uma plataforma de segurança e gestão de manobras. Segundo o fundador da empresa, Alexandre Santiago, a startup conhece o complexo processo de uma operação portuária, em que há “informações e conhecimentos que devem ser trocados em si”.


Assim, o Port Insight surge como uma plataforma especializada na gestão da parte aquaviária da operação. “Unificando toda essa operação e conhecimento, a gente traz uma camada de inteligência que vai permitir ao Porto de Santos uma gestão mais eficiente nos recursos de berço, diminuindo o tempo de espera e de pré e pós-operação”.


Até seis meses
Para o COO da Logshare, Glauber Alves, a assinatura dos acordos de cooperação técnica com a SPA é um divisor de águas. “Estamos levando inteligência, conhecimento, algoritmos e vamos ajustar para a realidade do Porto de Santos”.


Segundo ele, todos os ajustes envolvendo a plataforma estarão feitos entre três e seis meses, aliados à inteligência já existente no complexo portuário santista. Para isso, a empresa montará um time que ficará focado no projeto portuário.


Por sua vez, o fundador da Navalport, Alexandre Santiago, explica que o sistema da empresa deverá ser implementado em seis meses. “Cada porto tem uma operação muito única e processos diferentes”.


Santiago diz que sua equipe chegará no próximo dia 6 ao Porto de Santos e nele passará uma semana para conhecer os detalhes da operação e, dentro de seis meses, fazer o trabalho de dentro do maior complexo portuário do Brasil.


Logo A Tribuna
Newsletter