Paulo Henrique Cremoneze: A importância da BR do Mar

Discutir a chamada BR do Mar é, antes de tudo, cuidar do desenvolvimento econômico-social do Brasil e, mais ainda, de Santos e região

Por: Paulo Henrique Cremoneze  -  02/03/21  -  20:33
Paulo Henrique Cremoneze: A importância da BR do Mar
Paulo Henrique Cremoneze: A importância da BR do Mar   Foto: Ilustração: Monica Sobral

Recentemente, o Grupo Tribuna realizou em suas instalações um importante evento, parte presencial (observados rigorosamente todos os protocolos sanitários da pandemia Covid-19), parte à distância, para discutir os rumos da navegação de cabotagem no Brasil.


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O evento, promovido em parceria com a prestigiosa MLAW (Maritime Law Academy), foi patrocinado e apoiado por importantes escritórios de advocacia sediados em Santos e contou com expositores de altíssimo nível, todos representantes de importantes instituições.


Causou-me profunda alegria porque muita coisa que lá se falou, eu já havia transmitido ao mercado segurador e a muitos importadores e exportadores de cargas com os quais interajo regularmente, confirmando-se, então, minhas afirmações anteriores.


Afirmações, aliás, que escrevi em mais de uma oportunidade nesta coluna que tenho a enorme honra e grata alegria de assinar já há algum tempo e com regularidade. Ouvir gente muito qualificada dizer o que eu penso faz muito tempo deixou-me ao mesmo tempo envaidecido e aliviado. 


Aquilo que havia inferido pelo exercício profissional passou, então, a ser estampado com o selo da excelência dos especialistas, dos verdadeiros conhecedores do assunto, homens e mulheres ligados aos órgãos de Estado e stakeholders que cuidam diretamente da infraestrutura, da logística e da economia do País.


Discutir a chamada BR do Mar é, antes de tudo, cuidar do desenvolvimento econômico-social do Brasil e, mais ainda, de Santos e região, dada sua simbiose com o porto. É, mais importante ainda, encetar uma visão de futuro saudável, sustentável, inteligente e esperançoso.


O mar e o campo são as grandes vocações do Brasil e as que permitem o aprimoramento da industrialização, do setor de serviços, e que fomentam, ora direta, ora indiretamente, o desenvolvimento científico. 


O Brasil cresceu muito no setor agropecuário, mas infelizmente virou as costas para o mar, apequenando sua importância e, com isso, auto prejudicando-se. Mais do que nunca, amparado no que ouvi no evento, posso dizer que a Brasil não é uma potência ainda maior no agronegócio porque deixou de ser há décadas zeloso com as questões logísticas, infraestruturais e, sobretudo, marítimas.


O Brasil nasceu do mar, manteve-se vivo pelo mar e, hoje, só não se encontra em um estágio mais avançado do Índice de Desenvolvimento Humano porque, sabe-se lá por quais motivos, alguns talvez inconfessáveis, desprezou o mar.


O potencial do Brasil na cabotagem é gigantesco como sua própria natureza. Quando se fala em cabotagem, não se fala apenas em navegação marítima costeira, mas também em navegação fluvial e, integradamente, nos demais modais de transporte.


Fala-se no implemento de um setor que impactará diretamente na economia e no desenvolvimento social. Fala-se em maior competitividade para o empreendedor brasileiro e na geração de empregos, na circulação de riquezas. Fala-se no desenvolvimento sustentável e em boas práticas ambientais. Fala-se em segurança em muitos sentidos, fala-se, também, em estratégia.


Daí a importância do Projeto de Lei 4.199/2020, aprovado em dezembro de ano passado pela Câmara dos Deputados e, agora, no aguardo de apreciação pelo Senado Federal. 


O Brasil tem sede de navegação de cabotagem e de tudo o que ela proporcionará. Não é exagero imaginar que sua implementação no País motivará até mesmo a tão sonhada reforma tributária, um dos maiores gargalos do empreendedorismo no Brasil.


Evidentemente que um projeto político-econômico-social como este tem muitas vertentes, pontos de vistas e, entre aplausos e entusiasmos, alguns fortes apupos. A vida social é uma vida de conflitos de interesses. Todavia, ninguém em sã consciência pode negar a invulgar importância e sua necessidade. O que se discute são formatos, modelos, aspectos gerais e, outros, especiais. 


Por isso, registro meu entusiasmado agradecimento ao Grupo Tribuna e, nas próximas colunas, abordarei aspectos importantes da exposição, traduzindo ao público geral, sem os adornos do tecnicismo e com as vestes dos interesses comuns. Outra não foi a preocupação do Grupo Tribuna e da MLAW, senão fomentar a importância da cabotagem no tecido social. Fiel à preocupação original, buscarei mostrar ao amigo leitor como tudo o que foi abordado no evento é intimamente próximo de sua vida e poderá, de um modo ou de outro, torná-la melhor.


Que Deus me ajude nessa reta intenção e que possamos, juntos, pedir aos senadores do nosso estado que votem favoravelmente ao projeto de lei e façam da BR do Mar uma realidade no Brasil. Até as próximas colunas. Obrigado.


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