As projeções otimistas se confirmaram e o transporte de carga por hidrovias apresentou em 2022 crescimento de 5,36% na comparação com o ano anterior. Os dados são da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), em balanço estatístico anual. No total, foram 38,4 milhões de toneladas movimentadas no transporte interior nacional.
No último dia 31, A Tribuna publicou a tendência de crescimento na movimentação, em especial por conta de altas expressivas nas regiões hidrográficas Amazônica e Tocantins-Araguaia, responsáveis por 76% do transporte interior no País, nos últimos meses do ano. E elas acabara se concretizando, com crescimento de 14,5% e 13,1%, respectivamente, em 12 meses.
A Região Hidrográfica do Paraguai também registrou elevação no total de cargas transportadas: 45,9%. Por outro lado, as hidrovias Atlântico Sul e Paraná, que completam montante transportado nas regiões hidrográficas brasileiras, registraram queda de 31,9% e 27,4%, respectivamente.
A mercadoria que apresentou maior crescimento percentual entre janeiro e dezembro foi o milho. Em 2022, 22,1 milhões de toneladas do cereal foram transportadas entre os portos interiores, um aumento de 87,2% em comparação a 2021. Petróleo e derivados também registraram alta no balanço divulgado pela Antaq, de 14,4%, com 10,2 milhões de toneladas transportadas ao longo dos 12 meses de 2022.
De acordo com o diretor-geral da Antaq, Eduardo Nery, há pelo menos dois projetos importantes voltados ao setor hidroviário em andamento, com objetivo de potencializar ainda mais o modal este ano: a concessão da Hidrovia Lagoa Mirim, no Rio Grande do Sul, e a melhoria nas condições de navegação na Barra Norte do Rio Amazonas.
“Estamos dando toda prioridade a eles (Lagoa Mirim e Barra Norte) (...) E há outros projetos que estamos estudando e se avizinham, mas ainda dependem de intervenções do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), como a hidrovia do Rio Paraguai e a hidrovia do Rio Tocantins”, disse, em coletiva de imprensa realizada pela Antaq.
O potencial das hidrovias brasileiras também é destacado pelo especialista em logística Pierre Jacquin, da project44, startup de tecnologia voltada ao setor. Contudo, ele faz uma ponderação: o transporte de cargas por navegação interior ainda desempenha um papel pequeno no cenário logístico nacional.
“A navegação interior pode contribuir significativamente para o avanço das operações multimodais, que por sua vez podem reduzir os custos logísticos no Brasil, que representam 12,5% do PIB do País, contra 10% do PIB europeu e 8% do PIB norte-americano. Espera-se um avanço nas políticas públicas de incentivo às hidrovias. É um modal de excelente custo-benefício”.
Região Hidroviária Amazônica
Principais cargas: soja (31% do total), milho (28%), derivados de petróleo (16%), semirreboque baú (11%) e outros (14%)
Região Hidroviária Tocantins-Araguaia
Principais cargas: milho (32% do total), soja (25%), semirreboque baú (24%), derivados de petróleo (7%) e outros (12%)
Região Hidroviária Paraguai
Principais cargas: minério de ferro (92% do total), soja (7%) e outros (1%)
Região Hidroviária Atlântico Sul
Principais cargas: celulose (43% do total), fertilizantes (12%), farelo de soja (9%), contêineres (8%) e outros (28%)
Região Hidroviária Tietê-Paraná
Principais cargas: milho (39% do total), areia (37%), soja (16%), farelo de soja (7%) e outros (1%)