Movimentação de contêineres cresce no Porto de Santos

Houve um aumento de 19,6% de janeiro a setembro deste ano

Por: Redação  -  21/11/21  -  15:52
Atualizado em 21/11/21 - 16:16
Apesar do bom número, as perspectivas não são muito positivas para as importações de fim de ano
Apesar do bom número, as perspectivas não são muito positivas para as importações de fim de ano   Foto: Carlos Nogueira/AT

Mesmo em meio a uma crise logística mundial, onde há falta de contêineres em vários portos, a movimentação de caixas metálicas no Porto de Santos já supera a marca dos 3,6 milhões de TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés). O volume registrado de janeiro a setembro fica 19,6% acima do apurado nesse período do ano passado. Mas, apesar do bom número, as perspectivas não são muito positivas para as importações de fim de ano.


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“Creio ser difícil que os importados de Natal alcancem os volumes de anos anteriores. Dólar alto, impostos, mercado doméstico priorizando alimentos, energia e combustível obrigando milhões de consumidores a reduzir hábitos e costumes tradicionais. O coelhinho da Páscoa que o diga. Infelizmente por aqui, o Papai Noel emagreceu e jantou suas renas”, destacou o economista e professor universitário Helio Hallite.


Segundo ele, mesmo que o comércio marítimo que, com a exceção dos cruzeiros, não tenha sido afetado pela pandemia vários mercados encontram-se desabastecidos, especialmente as indústrias. “As montadoras de veículos, por exemplo, interromperam suas linhas de produção por falta de peças. Eventos como o encalhe do Ever Given (por seis dias no Canal de Suez, no Egito) e o lockdown de portos chineses ocasionaram a desorganização das escalas com reflexo nas rotas para a América do Sul”.


Como consequência, o economista explica que os portos brasileiros sentem a falta das caixas metálicas. “E muitos embarques têm sido cancelados, dos exportadores de café aos exportadores de pedras ornamentais, impactando praticamente todos os produtores que dependem desses contenedores”.


Além da falta de contêineres, fretes para portos asiáticos que eram negociados entre US$ 1,5 mil e US$2 mil, chegaram ao impensável patamar de US$15 mil. “Parece ser a versão "trade" da covid-19, sendo que seus efeitos infelizmente avançarão em 2022. Uma combinação de prosperidade comercial com elevados custos e novas soluções logísticas jamais pensadas”.


Para o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, o resultado favorável de crescimento no volume de contêineres revela que os esforços do setor para driblar desbalanceamento que existe no mercado global na oferta de caixas metálicas, principalmente pelo represamento e utilização dos equipamentos nas rotas da Asia e Europa.


“Mas, não devemos esquecer que nesse período do ano passado os resultados não foram animadores e aguardados pelos transportadores marítimos devido à quantidade de navios que ficaram em quarentena por longos períodos, escalas reduzidas, rotas invertidas ou canceladas com reflexos negativos nas atividades do transporte marítimo”.


Tendência


Segundo Hallite, “os próximos anos, pós pandemia, serão como no pós guerras mundiais: recuperação das economias via investimentos oriundos de reservas de governos, bancos centrais, bancos e grupos de investimento. Será preciso observar como China, Estados Unidos e Europa se comportarão”.


Enquanto isso, para Roque, o momento pede atenção. “Ainda continuamos atentos às necessidades do mercado e otimistas mesmo diante do quadro que deve perdurar até o ano de 2022 na obtenção dos resultados animadores. Os containers ao serem devolvidos aos terminais passam por uma rigorosa vistoria e manutenção para retorno ao mercado e isso acontece ao redor do mundo”.


Fertilizantes também registram alta


Os fertilizantes também se destacaram na movimentação de janeiro a setembro. De acordo com a Autoridade Portuária de Santos, essas operações atingiram um crescimento de 28,6% no acumulado do ano somando 5,8 milhões de toneladas. No mês de setembro o avanço foi de 77,1% (871.104 toneladas) ante setembro do ano passado.


Essa alta na movimentação é um sinal de claro de que os agricultores estão se preparando para as próximas safras. A de soja, o produto mais exportado pelo cais santista, deverá ter uma produção de 141,26 milhões de toneladas, segundo estimativas divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O volume representa um crescimento de 3,9% em relação à safra anterior, quando foram produzidas 136 milhões de toneladas do grão.


“Quanto ao agronegócio, temo pela doença holandesa, fenômeno econômico onde um país prioriza os produtos primários e ocasiona a desindustrialização. Esse quadro é perigoso. Não gostaria de ver contêineres vazios sobrando”, destacou o economista e professor universitário Helio Hallite.


Por outro lado, o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, aponta a importância dos embarques para o Porto de Santos e para o País. “Os recordes no granel, devido as excelentes safras, contribuem muito na Balança Comercial, visto que, independentemente da pandemia, operam normalmente, excetuando-se nos casos de chuva ou quando há a constatação de algum tripulante que tenha contraído o vírus e o navio entra em quarentena”


Roque aponta que os bons resultados são fruto de um trabalho conjunto. “As commodities estão batendo recordes sucessivos no Porto de Santos por conta de os terminais terem investido muito e a Autoridade Portuária intensificar a fiscalização do cumprimento das pranchas de embarque e contribuindo com normas para a eficiência do porto”.


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