IOT: Porto prorroga prazo para estudos

Autoridade Portuária quer implantar rede de internet na região

Por: Fernanda Balbino  -  13/02/21  -  00:25
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A Autoridade Portuária de Santos (APS) prorrogou, por mais 30 dias, o prazo para a manifestação de interesses para a doação de estudos sobre a instalação de uma rede de internet sem fio no complexo marítimo. O plano chegou a receber críticas de especialistas, que consideraram que o sistema previsto pode se tornar obsoleto em breve.


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No início do mês passado, a estatal lançou um edital de chamamento público para receber a doação de projetos e estudos técnicos. O material deverá embasar a instalação de uma rede sem fio de longo alcance do tipo LoRa (Long Range).


Mas especialistas em Tecnologia da Informação (TI) passaram a questionar o plano e a tecnologia estudada, apesar de apontarem a importância dele para o Porto de Santos. O principal questionamento é de que os estudos não deveriam ser pautados sobre uma ou outra tecnologia, e sim, após requisitos e necessidades mapeados, escolher uma ou mais redes que sejam aderentes.


Mesmo diante das críticas, houve interessados em participar do chamamento público. Porém, o número de participantes não foi revelado pela Autoridade Portuária.


A estatal destacou que, como o assunto é complexo, quanto mais interessados qualificados tenham oportunidade de oferecer as suas contribuições, mais consistentes serão os subsídios colhidos e as conclusões de sua área técnica.


“Por isso optou por ampliar o prazo para inscrições de interessados em participar do estudo. Pesou ainda na decisão o fato de que o dilatamento do prazo para adesão de participantes não trará quaisquer prejuízos à administração do Porto de Santos ou a terceiros”, destacou a estatal que administra o cais santista, em nota.


Pesquisa realizada pela APS mostrou que mais de 20% dos arrendatários do complexo portuário santista têm interesse em utilizar a Internet das Coisas (Internet of Things ou IoT, em inglês) em sensores de umidade do ar, de temperatura, proximidade, velocidade, presença e monitoramento de vagas de pátio.


E mais de 40% gostariam de usar essa tecnologia em sensores de chuva, incêndio, vazamento de gás e ambiental; e mais de 50%, em controle de equipamentos, movimentação de ativos, sistemas de identificação, detecção de movimento e medidores de energia.


Impacto


Conforme o edital de chamamento público para a doação dos estudos de implementação da rede de internet no Porto de Santos, a Internet das Coisas (IOT, na sigla em inglês), “capacidade de conectar dispositivos e objetos por meio de rede digital, apresenta um grande potencial de otimização do uso da infraestrutura portuária e melhoria da sua gestão, auxiliando na redução defilas e congestionamento em picos de cargas”.


Prazos


Os interessados em participar do chamamento público terão mais 30 dias para solicitar autorização para integrar esse processo. Os autorizados terão 60 dias para apresentar os resultados dos seus trabalhos à Autoridade Portuária. O edital do chamamento está disponível neste link.


Especialista critica opção por sistema LoRa


Detalhes do plano da Autoridade Portuária de Santos (APS) de implantar tecnologias como a Internet das Coisas (em inglês, Internet of Things ou IOT), no complexo portuário, receberam críticas de especialistas da área. Eles consideram que a rede sem fio de longo alcance do tipo LoRa (Long Range), sistema escolhido pela APS para a instalação do IoT, pode se tornar obsoleto em breve.


“LoRa, apesar das constantes evoluções na diminuição de consumo de energia em seus sensores, não é uma rede nova. Aqui no Brasil, ganhou certo protagonismo ano passado, por conta de investimentos de duas empresas privadas nesta tecnologia. Mais novas que a LoRa são o 5G e o Wifi-6E, redes completamente diferentes e com propósitos diferentes. Está no roadmap do 5G ser licitado neste primeiro trimestre de 2021 aqui no Brasil, alavancando grande interesse dos investidores em telecomunicações”, destacou o cientista da computação Guilherme Passos de Souza, professor da Universidade Católica de Santos (UniSantos).


Para o especialista, o estudo da Autoridade Portuária será de grande importância para o Porto de Santos, Mas ele não deveria pautar-se em uma ou outra tecnologia, e sim, após requisitos e necessidades mapeados, escolher uma ou mais redes que sejam aderentes.


“Por que há um grande número de especialistas falando que o 5G vai substituir redes de baixa capacidade como a LoRa? A resposta está na visão cada vez mais sofisticada do uso da Inteligência Artificial para automação industrial e de cidades. Quando falamos de IoT, monitoramento e telemetria já estão consolidados e bem atendidos por redes tipo LoRa. O próximo nível, sem dúvidas, é o amadurecimento dos comandos e controles através das redes sem fio (por conta da mobilidade) e códigos inteligentes para tomada de decisão, tarefas que sem banda e baixa latência, não se viabilizam.


Por isso redes como o 5G ganham espaço nas projeções”, afirmou Souza.O professor destaca que, nos próximos cinco anos, LoRa & LoRaWan devem dominar o cenário de IoT. “Mas vai enfrentar grande concorrência do Wifi-6E em plantas privadas, e 5G e LTE (há liberação de frequência para uso privado) em âmbito metropolitano. Como a tendência é ter aplicações cada vez mais sofisticadas, exigindo multimídia, as redes de maior performance devem assumir a dianteira e tornar tecnologias de menor capacidade obsoletas”.


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