Gesner Oliveira: O Porto e a revolução silenciosa na infraestrutura

Economista é também professor e coordenador do Centro de Infraestrutura e Soluções Ambientais da FGV

Por: Gesner Oliveira  -  16/11/21  -  11:06
  Foto: Carlos Nogueira/AT

Está em curso uma revolução silenciosa na infraestrutura. Enquanto as atenções se voltam para os problemas conjunturais da taxa Selic e da inflação, verifica-se um salto nos investimentos do setor privado em segmentos fundamentais para a economia brasileira.


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Muitos analistas e grande parcela da mídia enfatizam que as privatizações convencionais de venda de estatais não têm sido expressivas. No entanto, os números de parcerias e concessões são significativos. Nos últimos três anos foram registradas operações que resultaram em R$ 185,6 bilhões de outorga e em R$ 156,4 bilhões de investimentos previstos, recordes na história econômica do País.


Levantamento da GO Associados indica que foram arrecadados R$ 98 bilhões em outorgas das concessões federais até o momento. Somadas às concessões com modelagem feita pelo BNDES ou PPI, esse número chega a R$ 123,5 bi.


Mais importante do que o dinheiro que vai para os cofres públicos é o montante de investimentos previstos, de R$ 155,5 bilhões, essenciais para atenuar os gargalos da infraestrutura e gerar empregos e renda. O caminho da retomada sustentada da economia brasileira passa necessariamente por haver um aumento no investimento em infraestrutura.


Os dois maiores leilões dos últimos dois anos, o do 5G e o da Cedae, movimentaram, respectivamente, R$ 7,4 bilhões e R$ 23 bilhões em outorgas. São setores fundamentais para o Brasil dar um salto e tornar-se mais competitivo, aumentando assim a conectividade e a saúde pública.


O volume de investimento no leilão do 5G (R$ 39,8 bilhões) e o saneamento devem tornar-se o principal segmento em termos de investimentos previstos. Até o fim do ano, devem ser leiloados o Bloco 3 da Cedae os blocos B e C em Alagoas.


Também no setor ferroviário, as perspectivas são positivas com o novo marco legal do regime de autorizações. A intenção de investimento nesse setor chega a cerca de R$ 100 bilhões.


As perspectivas para os investimentos portuários são igualmente favoráveis. Há disposição para empreender no setor desde que as regras sejam estáveis e transparentes.


Há duas semanas, ocorreram dois leilões: os de arrendamento portuário nos portos de Maceió e Areia Branca, movimentando outorgas de R$ 115 mil e com previsão de investimento de R$ 222 milhões. Nesta semana, serão realizados mais cinco leilões que preveem investimentos de cerca de R$ 1,19 bilhão. Dos cinco terminais, dois serão em Santos (STS08 e STS08a) e representam R$ 1,05 bilhão.


A desestatização planejada dos portos de Santos, São Sebastião, Itajaí e das companhias Codesa e Codeba encerram mudanças importantes. Os investimentos previstos para o Porto de Santos chegam a R$ 10,5 bilhões e para o de São Sebastião, a R$ 574 milhões. Os investimentos portuários são essenciais para o desenvolvimento do País. Basta dizer que o agronegócio depende diretamente disso para manter a competitividade.


O privilégio de dialogar com os leitores de A Tribuna nesta coluna servirá para discutir esse e outros temas fundamentais para o segmento portuário e para o Brasil. A questão transversal vai girar em torno do ingrediente básico para o investimento de longo prazo: a segurança jurídica.


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