Duplicação do Porto de Santos é vista com otimismo por deputados federais da Baixada Santista

Economistas explicaram benefícios para desestatização do maior complexo portuário do Brasil

Por: Ágata Luz  -  21/01/22  -  11:46
Duplicação da área operacional foi oficializada pelo Governo Federal em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU)
Duplicação da área operacional foi oficializada pelo Governo Federal em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU)   Foto: Arquivo/AT

A duplicação da área operacional do Porto de Santos, oficializada pelo Governo Federal em portaria publicada no Diário Oficial da União (DOU), foi comemorada pelos deputados federais que representam a Baixada Santista. De acordo com os parlamentares, a expansão trará reflexos positivos à economia da região. No entanto, também houve críticas em relação à falta de participação da sociedade nas discussões.


A Portaria 66, assinada pelo secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio Cunha Filho, amplia a área seca sob administração da Santos Port Authority (SPA) de 8 Km² para 15,5 Km². A última revisão da poligonal do maior complexo portuário do Brasil tinha ocorrido em 2020.


Para o deputado federal Júnior Bozzella (PSL), a expansão do Porto representa desenvolvimento a toda uma cadeia. "Aumentará a capacidade de operação, expandirá a oferta de mão de obra e atenderá uma antiga reivindicação do setor com a atualização do Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) portuário".


A deputada federal Rosana Valle (PSB) vê o processo como algo válido e bom, principalmente pelo fato do cais santista estar, em suas palavras, estrangulado. "Vamos ter mais áreas para serem incluídas no processo de desestatização (que deve ocorrer no 2º semestre) e áreas a serem exploradas e transformadas em outros atrativos que agregam ao Porto de Santos. A relação Porto-Indústria tende a melhorar".


Para Marcelo Squassoni (Republicanos), a duplicação do Porto é positiva para toda a Baixada Santista e refletirá na economia durante os próximos anos. "Vai ampliar o fluxo e a capacidade de investimentos no Porto, beneficiando Santos, Guarujá, Cubatão e Bertioga. Ao prolongar a área de domínio da Autoridade Portuária, abre-se caminho para a diversificação das operações. A Área Continental, por exemplo, poderá abrigar plataformas logísticas".


Procurado por A Tribuna, o Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp) preferiu não se manifestar sobre o assunto.


Oportunidades

O economista, professor e coordenador do Centro de Infraestrutura e Soluções Ambientais da Fundação Getulio Vargas (FGV) Gesner Oliveira destaca o fato da ampliação da área representar um aumento do ativo para a desestatização, agregando valor em um porto "onde há demanda efetiva para o aumento de área operacional". Para ele, o Porto de Santos passa a ser mais valorizado, pois a expansão fortalece o interesse de investidores.


O economista Vicente Santos concorda com Gesner e cita a privatização do complexo portuário. "A ampliação pode promover uma expansão da produção e da organização do Porto, o que deve favorecer a valorização da desestatização".


Ponderações

Apesar dos avanços, a falta de um debate aprofundado com a comunidade local sobre o tema foi criticada pelos parlamentares. Squassoni, por exemplo, lembrou que a revisão da poligonal deveria ser de conhecimento da população, das entidades do setor e do Conselho de Autoridade Portuária (CAP).


Rosana foi no mesmo tom e, além de se mostrar preocupada com o processo de desestatização do Porto, destacou dois projetos de lei em tramitação na Câmara. Um busca devolver o poder deliberativo ao CAP, enquanto o outro mira a destinação de uma parte dos recursos dos processos de concessão para cidades portuárias. "Ampliando-se a área do Porto, uma parte deve ser destinada às cidades para investir em melhorias".


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