Os Correios veem a cabotagem como “um caminho sem volta” para fortalecer sua matriz de transportes. A empresa almeja se tornar um grande hub (concentrador de cargas) da América do Sul. Em junho, começou um projeto piloto de transporte e enviou ao Norte e ao Nordeste, pelo Porto de Santos, 430 toneladas de material do Programa Nacional do Livro Didático, do Ministério da Educação.
Segundo o diretor de Operações dos Correios, Carlos Henrique de Luca Ribeiro, a entrega de livros servirá de aprendizado quanto à dinâmica, aos custos e à regularidade no envio de cargas. “A cabotagem se mostra melhor e mais economicamente viável para longo curso.”
Confira como será oprojeto piloto dos Correios
“Em Salvador (BA) e Recife (PE), a cabotagem e o rodoviário se equivalem no preço do frete (tonelada transportada por quilômetro). Agora, quando você vai para Manaus (AM), é 30% mais barato, e para Fortaleza (CE), de 15% a 20%”, diz. Também há menos riscos de danos à carga e roubos, segundo ele.
“Percebemos que era muito simples (...): a empresa vai à sua unidade, pega a encomenda, leva para o porto de origem, entrega no porto destino e, depois, à unidade de destino”, diz.
Ribeiro cita, como dificuldade, que haja poucos armadores para cabotagem. Para ele, com a aprovação da BR do Mar pelo Congresso, a oferta de navios crescerá — serão permitidos os de bandeira estrangeira, o que, afirma, elevará a concorrência e reduzirá custos.
Empresa almeja atuar também por ferrovia
O diretor explica que, com todos os modais a disposição, é mais fácil direcionar a carga, com base no tipo de transporte que terá menor custo e prazo.
“Por exemplo, para o Norte ou lá para cima do Nordeste, a cabotagem se mostra viável economicamente. Se eu for para o Centro-Oeste, é interessante pensar no ferroviário, porque o trem vem cheio de grãos do Mato Grosso e volta vazio”, diz.
O mesmo vale para atender o continente. Segundo o diretor, quando os Correios fretam grandes aviões, para 600 toneladas, de 70% a 80% da carga fica no Brasil. A ideia é que o excedente chegue aos vizinhos por terra ou mar, reduzindo custos.
Em prática
Pretensão - O diretor de Operações dos Correios, Carlos Henrique de Luca Ribeiro, destaca a possibilidade de a empresa incrementar o transporte por mar, mesmo antes do final do projeto piloto, previsto para fevereiro.
“Para ficar” - “Esse modal veio para ficar, para compor a matriz de transportes dos Correios. Não posso afirmar, hoje, quanto vou absorver de carga. Ainda estamos estudando qual o raio ideal para trocar de modal (para quais regiões a cabotagem é mais vantajosa)”, afirma Ribeiro.
Menos caminhões. - A cabotagem tende, segundo o diretor dos Correios, a diminuir o número de caminhões nas estradas. “Para se ter ideia da capacidade do navio, você consegue colocar (em uma embarcação) de mil a 1.200 carretas (com baús) de 24 toneladas cada.”