Companhia Docas prepara nova troca em sua diretoria

Francisco Adriano disse que entregou sua carta de renúncia. Caso será definido hoje

Por: Fernanda Balbino  -  30/11/18  -  16:53
  Foto: Carlos Nogueira/AT

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária de Santos) prepara a substituição de seu diretor de Administração e Finanças, Francisco José Adriano. Em seu lugar, assumirá o atual superintendente de Finanças da empresa, Eugenio Carvalho. A mudança estava prevista para ocorrer na noite desta quinta-feira (29), durante reunião do Conselho de Administração (Consad) da estatal, mas deve ser oficializada nesta sexta-feira (30).


Adriano, que é funcionário de carreira da Autoridade Portuária, havia pedido afastamento do cargo para permanecer fora do setor portuário até o fim das investigações da Polícia Federal (PF), no âmbito da Operação Tritão. Ele deixará de ser diretor, mas manterá o vínculo com a empresa.


Deflagrada em 31 de outubro, a Tritão resultou na prisão de sete pessoas, entre elas, o ex-presidente da Codesp José Alex Oliva e o ex-diretor de Relações com o Mercado e Comunidade Cleveland Sampaio Lofrano. Todos pagaram fiança e foram liberados pela Justiça. Além deles, foram presos Carlos Antônio de Souza, ex-assessor da Docas, Gabriel Nogueira Eufrásio, superintendente jurídico da Autoridade Portuária, e os empresários Mario Jorge Paladino, Joabe Francisco Barbosa e Joelmir Francisco Barbosa.


Os investigadores apontam fraudes em pelo menos três contratos de prestação de serviços firmados pela Codesp – o de digitalização de documentos com a empresa MC3 Tecnologia, o de serviços de informática com a firma N2O Tecnologia e, também, o pagamento indevido realizado à empresa Domain Consultores, em forma de aditivo contratual.


No dia em que foi deflagrada a Operação Tritão, também foram cumpridos mandados de busca e apreensão em várias cidades do País. Um deles foi cumprido na residência de Adriano, em Santos. Foram levados vários pertences, como canetas e relógios importados, além de uma quantia em euros e dólares que sobraram de viagens ao exterior, diz o dirigente portuário.


Segundo Adriano, antes mesmo da deflagração da operação, ele já havia sido convocado para prestar esclarecimentos na sede PF em Santos. Na ocasião, foram feitas perguntas sobre as contratações das três empresas e suas motivações.


O temor do executivo e de seus advogados era que a polícia acreditasse em uma possível ocultação de provas, caso ele permanecesse no cargo.


De acordo com informações do inquérito policial, Adriano, que foi diretor de Relações com o Mercado e Comunidade antes de ser diretor de Administração e Finanças, emitiu nota técnica favorável às contratações irregulares.


Além disso, segundo a PF, Adriano autorizou o início ou a continuidade do procedimento licitatório e não submeteu à deliberação do Consad a contratação da MC3. O inquérito também aponta que ele aprovou a contratação dos serviços da N2O e o pagamento indevido à Domain.
Consad


Na reunião do Conselho de Administração da Codesp, ontem, seus membros já contavam com uma resolução para destituir o diretor, Conforme apurou <FI10>A Tribuna, ela seria utilizada se o dirigente não apresentasse uma carta de renúncia.


Na noite de ontem, Adriano informou que entregou a carta ao Consad. Mas, segundo fontes ligadas ao órgão, a reunião foi encerrada sem a apresentação do documento. Nesse caso, a saída do executivo do cargo ocorrerá nesta manhã.


A destituição de Adriano acontecerá após a divulgação de notícias de que policiais federais apreenderam um cheque de R$ 200 mil assinado pelo deputado federal Marcelo Squassoni (PRB), padrinho político do ex-diretor, na casa do empresário Mario Jorge Paladino. Segundo o parlamentar, trata-se de pagamento de material impresso para campanha não realizado.


O empresário é dono da MC3 Tecnologia, uma das empresas investigadas na operação Tritão.


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