Com foco no mercado, Santos Brasil diversifica operação
Investimentos de R$ 40 milhões em tecnologia e conclusão de obras civis nos berços do Tecon também integram planos da empresa
Operação de um novo terminal multipropósito na Margem Direita do Porto de Santos, investimentos de R$ 40 milhões em tecnologia e conclusão de obras civis nos berços do Tecon, deixando o terminal capaz de receber três navios com 366 metros de comprimento, tipo New Panamax. Na Santos Brasil, presente e futuro se misturam na tentativa de atender a demanda prevista para o complexo santista nos próximos anos.
Até então, a empresa chamava a atenção de quem olhava para a Margem Esquerda (Guarujá) com sua instalação sempre repleta de contêineres. No entanto, o cenário está prestes a mudar. Ou melhor, ampliar.
A empresa começará a diversificar sua atuação para setores que tenham sinergia com as atuais operações. E um primeiro ensaio já está sendo feito.
A companhia passará a operar até o meio do ano cargas gerais e de projeto em uma área de 42 mil metros quadrados, na região do Saboó, arrendada em caráter provisório, em 2019. O local está pronto para receber, armazenar e carregar produtos como sucata, trilhos, peças, entre outras.
Esse novo direcionamento integra o plano estratégico da Santos Brasil em busca de diversificação e diferentes oportunidades de negócio. “Outros tipos de carga, como algodão, soja, milho e açúcar têm crescido mais do que o contêiner e nós temos que ir para onde o mercado vai”, disse o presidente da empresa, Antonio Carlos Sepúlveda.
Segundo ele, a fase de ouro do contêiner ocorreu na primeira década do século, entre os anos 2000 e 2010. Agora, é fundamental que as operadoras se adequem ao novo cenário, caminhando em direção aos anseios dos seus clientes.
“Essa área do Saboó é estratégica para o Porto. Está localizada na entrada da Cidade, sendo o ponto ideal para a movimentação de peças grandes. Vamos trabalhar forte nesse nicho, prestando serviço para clientes que já trabalham conosco nos contêineres”.
A empresa está aguardando apenas a última autorização da Receita Federal, que deverá ser publicada no Diário Oficial (DO) ainda este mês.
Outra área também foi arrematada para exploração transitória no Saboó neste início de ano. Com 64 mil metros quadrados, o trecho será destinada a movimentação de contêi-neres vazios, cargas geral e de projeto.
Com as duas operações, a Santos Brasil reforça a sua presença no complexo santista, ampliando os serviços ofertados à sua base atual e potencial de clientes.
Para Sepúlveda, o mais importante no que se refere aos novos terminais não é o volume de investimentos destinado às áreas.
“Eles fazem parte de uma mudança de estratégia da empresa. Planejamos participar dos próximos leilões programados pelo governo federal de graneis líquidos e sólidos. Estamos olhando com especial atenção as oportunidades em Santos”, ressaltou.
Tecnologia
O avanço tecnológico é outra frente que tem recebido bastante atenção da Santos Brasil. Para o presidente da empresa, o bom funcionamento de um terminal de contêineres está ligado à velocidade com que consegue organizar o seu pátio e arrumar as caixas metálicas.
“Os novos sistemas que estamos implantando no Tecon Santos usam algoritmos com inteligência artificial para conseguir fazer isso num tempo muito curto. E é o que pretendemos fazer este ano, ou seja, trocar o sistema atual por um com maior interface junto aos equipamentos. Essa mudança permitirá que o terminal atenda com agilidade os grandes navios que chegarão a Santos, dando eficiência ao comércio exterior”, disse Sepúlveda.
Segundo ele, todos os gates e interfaces do terminal já são automáticos, assim como o controle de movimentação de cargas. A meta, agora, é controlar todos os equipamentos por meio de um sistema de telemetria e tecnologia, que são super avançados.
“Isso permite que o terminal consiga se planejar melhor, ter maior controle da operação e manter um padrão operacional durante todo o tempo. Os terminais funcionam 24 oras por dia e a utilização de tecnologia permite que você mantenha esse padrão de velocidade operacional com facilidade e custo menor”.
O resultado é otimização, redução no consumo de energia elétrica e combustível, além de permitir o monitoramento à distância.
“Temos feito gradativamente a troca de sistema e para este ano estamos prevendo mais R$ 40 milhões em acessórios, É mais um salto que a Santos Brasil vai dar para melhorar o seu nível de serviço, planejamento e competitividade”.
Obras no Tecon
Ainda no primeiro trimestre deste ano, a Santos Brasil pretende finalizar as obras de ampliação e aprofundamento do cais. O objetivo é atender a nova categoria de navios que começará a chegar este ano ao Porto, dando vazão ao aumento de demanda.
Será o único terminal da América do Sul com capacidade de receber simultaneamente até três navios New Panamax (366 metros).
Atualmente, o cais de atracação está sendo ampliado em 220 metros, totalizando 1.510 metros (sendo 1.200 metros no Tecon Santos e outros 310 metros no TEV). Além disso, está em andamento o aprofundamento para os 16 metros máximos. Essa última obra também prevê o reforço da estrutura do cais para a instalação de trilhos para os novos portêineres.
Ao todo, a Santos Brasil está investindo R$ 420 milhões na ampliação e modernização do Tecon Santos. O montante engloba obras civis (no valor de R$ 250 milhões) e aquisição de novos equipamentos (outros R$170 milhões) que integram a primeira etapa do projeto. Para este ano, deverá ser desembolsado em torno de R$ 200 milhões.
De acordo com dados divulgados pela Santos Port Authority (SPA), o Tecon movimentou 846.160 contêineres de janeiro a novembro do ano passado.
“O ano de 2021 será desafiador, com muita volatilidade, mas com uma direção de melhora. Aqui no Brasil, a demanda interna caiu muito com a pandemia, mas a recuperação do terceiro trimestre foi fabulosa. A resiliência do Porto de Santos é incrível. Em 2020, foi muito voltado à exportação e esperamos que continue em 2021. Temos boas perspectivas”, disse o presidente da Santos Brasil, Antonio Carlos Sepúlveda.
