Autoridade Portuária de Santos realiza primeira reunião sobre o túnel Santos-Guarujá hoje

Em visita ao Grupo Tribuna, presidente Anderson Pomini fala sobre ligação seca e outros projetos do setor

Por: Bárbara Farias  -  25/04/23  -  07:42
O novo presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, visitou as instalações do Grupo Tribuna nesta segunda-feira (21)
O novo presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, visitou as instalações do Grupo Tribuna nesta segunda-feira (21)   Foto: Vanessa Rodrigues/AT

O novo presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), Anderson Pomini, promove, nesta terça-feira (25) à tarde, a primeira reunião para discutir o projeto do túnel submerso Santos-Guarujá. A obra é considerada a maior prioridade da nova diretoria do Porto de Santos, que tem como objetivo investir em projetos de integração com as cidades da Baixada Santista. Na manhã de segunda-feira (24), Pomini visitou as instalações do Grupo do Tribuna e, em entrevista exclusiva, falou ainda sobre a revitalização da área dos armazéns do Valongo e anunciou a criação de um concurso público que definirá a nova marca do maior porto da América Latina.


Qual será a primeira ação concreta da nova gestão da Autoridade Portuária de Santos?

Nós temos importantes desafios e projetos que serão implementados por esta gestão da Autoridade Portuária. O principal é a construção, a implementação e a entrega do tão sonhado, há quase 100 anos, túnel Santos-Guarujá. Nesta terça-feira, será realizada a primeira reunião para discutir sobre o projeto. O projeto inicial é do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), que será aprimorado e implementado. A implementação do túnel Santos-Guarujá é a nossa missão "número zero".


Além do túnel, outra pauta que tem a sua atenção é a revitalização da área dos armazéns 1 ao 7, no Valongo. Há reuniões agendas para debater sobre os investimentos para essas obras?

A Prefeitura de Santos está agendando uma data com o ministro Márcio França (Portos e Aeroportos), com a participação da diretoria da Autoridade Portuária, para o anúncio do início da restauração dessa área. E essa área tem um papel simbólico. Foram os primeiros 230 metros de cais organizados do Brasil. Isso há 133 anos, pelas Companhias Docas. Agora, a gente volta com o nosso modelo, o Puerto Madero de Santos (em referência à área portuária de Buenos Aires que foi revitalizada e se tornou atrativo turístico). Claro que estou brincando ao sugerir este nome, mas a ideia é essa. Nós precisamos integrar os turistas, dos estados e de fora do País, com a cidade de Santos, e integrar os moradores com o mar. É uma integração bilateral que não existe hoje.


Mas, como fazer isso?

Porto não é somente por onde passa mercadoria, não são só números exorbitantes, que são importantes e que representam 30% do nosso PIB (Produto Interno Bruto), mas o porto também tem que olhar para as pessoas. Na Margem Esquerda, a 800 metros de nossa sede, nós temos pessoas vivendo em palafitas. E, aqui mesmo (Santos), nós temos regiões absolutamente degradadas, no Centro Histórico de Santos. Então, se nós trouxermos os turistas internacionais, nacionais e locais, é uma forma de a gente recuperar efetivamente o Centro Histórico e valorizar a nossa principal ferramenta logística do hemisfério sul.


Quando deverá ocorrer a primeira reunião para discutir a revitalização do Valongo?

O deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), que foi prefeito de Santos por dois mandatos, é entusiasta desse projeto e, aliás, é o presidente da Frente Parlamentar Mista dos Portos e Aeroportos, está capitaneando, juntamente com o prefeito de Santos (Rogério Santos), uma reunião com o ministro Márcio França e a Autoridade Portuária, que deverá acontecer no início do mês de maio, para falarmos sobre o início da revitalização dessa área. O cronograma, quais serão os custos envolvidos, o que se pretende naquela área, ou seja, exatamente a análise do projeto que foi desenvolvido pela Prefeitura.


Já o projeto do novo Terminal Marítimo de Passageiros é mais complexo porque se discute o aproveitamento de uma área operacional do porto. O que avançou nesse tema?

Eu tenho uma visita ao Concais agendada para a semana que vem. A ideia principal é transferirmos para esse local (área dos armazéns 1 ao 3) ou próximo a esse local, o Terminal de Passageiros — entre Valongo, STS10, ali na área do Ecoporto. Isso vai depender de estudos jurídicos, acordos que serão fomentados entre a Autoridade Portuária e a empresa Concais. Não é algo simples, mas se trata de algo viável, porque a empresa, a Autoridade Portuária, a população e os demais órgãos públicos envolvidos, enfim, todos têm esse interesse.


O ministro Márcio França comentou, na última quinta-feira, quando a nova diretoria da APS foi apresentada, que os contratos para dragagem do canal do Porto de Santos poderão ser remodelados, com prazos mais longos, até para viabilizar o aumento da profundidade para 17 metros, com o objetivo de atrair navios maiores. Como está essa questão?

São dois formatos. O primeiro é a manutenção da dragagem, que é essencial para a gestão de portos, e o segundo é o aprofundamento dos calados dos berços, que envolve um outro contrato. Qual é a nossa ideia? Como o contrato é curto, a Autoridade Portuária não pode exigir do contratante obras que demandem maiores investimentos. Então, a nossa ideia é majorar o período do contrato de cinco anos para 25, 30 anos, talvez, um pouco mais, através de uma concessão, para que as autoridades públicas possam exigir dessa empresa obras de contenção desses resíduos. Aí sim, poderíamos cobrar da empresa que opera esse serviço que é essencial para a manutenção do porto por muito mais tempo. Essa é a ideia principal, uma concessão por um maior período.


Nesse caso, o senhor fala da concessão para dragagem de manutenção e mencionou que uma mesma empresa poderia, também, assumir a dragagem de aprofundamento. São dois contratos e duas licitações distintas. Como seria?


Se a mesma empresa vencer as duas concessões, poderá assinar os dois contratos. Mas, a autoridade pública terá que observar o critério da isonomia, participação.


Um problema pontual é o péssimo estado de conservação das avenidas perimetrais tanto da Margem Direita quanto da Margem Esquerda. Há planos para a recuperação das vias?


Já convocamos uma primeira reunião, que vai acontecer nesta terça-feira, entre os engenheiros, os setores técnicos da Autoridade Portuária, para entendermos o avanço e o andamento dessas obras, em especial, que envolva a zeladoria. A implementação do túnel Santos-Guarujá é o tema central, mas não podemos perder de vista os temas que demandam uma atuação com certa urgência da Autoridade Portuária, um deles é a zeladoria, não somente das perimetrais, mas também dos cais públicos, que estão, em grande maioria, abandonados. Ao transitar pela área portuária, temos uma sensação de abandono. No Guarujá, do projeto que foi apresentado (Avenida Perimetral), não se chegou a 10% daquilo que se planejou. É caótico e nós precisamos retomar. Aqui, do lado de Santos, as obras avançaram. A gente observa vários ajustes que foram feitos. Tudo envolve recurso, mas, antes, nós precisamos entender qual é a fase de cada um desses projetos que tramitam na Autoridade Portuária.


Há um orçamento definido para este ano, de investimentos em zeladoria?


Ainda não. A gente pediu uma reunião. A Bernadete Bacellar, que é a nossa diretora administrativa e financeira, está levantando as informações para que façamos uma reunião, de posse desses dados: o que efetivamente se tem no caixa, qual é o orçamento e qual é a previsão, para que a gente possa estabelecer quais serão as nossas prioridades.


Quanto ao nome da Autoridade Portuária de Santos, o que vai mudar?


Juridicamente, já é Autoridade Portuária de Santos e a nova marca, o novo logo, terá este nome. O nome fantasia Santos Port Authority (SPA) não tem nenhuma relação com as orientações jurídicas. Aliás, nós faremos um concurso público voltado a todos os estudantes, em princípio, de Santos. A gente vai conversar com o secretário de Assuntos Portuários e Emprego de Santos (Bruno Orlandi) para que a comunidade nos apresente a ideia de uma nova logomarca para a Autoridade Portuária, levando-se em consideração todo o valor histórico de Santos e do Porto, e esses temas principais, a implementação do túnel Santos-Guarujá e a integração Porto-Cidades. Vamos divulgar as regras em breve e pedir a alguns operadores portuários que ofereçam prêmios. É uma novidade e uma forma de integrar os estudantes.


Neste concurso público, será definido um novo nome comercial, o nome fantasia do Porto de Santos?


Um novo nome, uma nova marca. Claro, respeitando a orientação jurídica da Autoridade Portuária de Santos. O concurso público vai escolher o formato da logomarca e as cores da nova marca.


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