A saga dos tripulantes ucranianos do navio panamenho Srakane deve terminar neste domingo (26). A embarcação atracaria no Porto de São Sebastião, no Litoral Norte do Estado, nesta madrugada. E os 16 marítimos – que passaram meses em alto mar com escassez de água e comida e salários atrasados pela armadora – tinham seu desembarque programado para esta madrugada, entre 3 e 5 horas, segundo autoridades brasileiras.
Em seguida, os profissionais seriam levados ao Aeroporto de Guarulhos, de onde partiriam para o país de origem.
Os tripulantes não terão de pagar por hospedagem, viagem e demais custos. Esses gastos serão assumidos pela empresa santista CBA Traiding – Exportação de Produtos Agrícolas, que não tinha qualquer vínculo com o cargueiro, mas decidiu arcar com as despesas, que deve chegar a US$ 300 mil (cerca de R$ 1,6 milhão), a fim de garantir o retorno da equipe para casa.
Esse acordo foi negociado com autoridades brasileiras que acompanham o caso dos tripulantes.
Ainda nesta manhã, tripulantes brasileiros devem embarcar no Srakane e assumir suas operações.
O caso dos ucranianos foi destacado em reportagem de A Tribuna na edição do último dia 19.
A solução para os tripulantes ucranianos começou a ser negociada no último dia 28, quando a CBA Trading, que precisava afretar um navio, cogitou utilizar o Srakane, que já estava no Litoral Norte.
Nessa data, representantes da empresa foram a bordo e se depararam com a situação dos marítimos. Ainda obtiveram a informação de que o armador do navio não conseguiu arcar com os custos da operação, o que acarretou em problemas de documentação.
Os executivos da CBA ainda descobriram que o navio havia tentado escalar em países europeus e na África. Mas, devido à pandemia da covid-19, sua entrada foi negada. O cargueiro acabou ficando sem combustível e foi trazido ao Brasil.
Em Salvador, foi permitido reabastecer, mas não foi autorizada a atracação. Diante disso, o Srakane rumou para a costa de São Sebastião, onde permaneceu até agora.
A CBA assumiu as custas de retornar os ucranianos para casa e ainda quitar seus salários atrasados, em uma negociação que foi acompanhada pela Receita Federal, pelo Ministério Público, pela Marinha do Brasil e pela Companhia Docas de São Sebastião (empresa do Governo do Estado), entre outras autoridades.
Ocean Wide
Em entrevista publicada na edição de A Tribuna do último dia 19, a empresa Ocean Wide, responsável pelo cargueiro, alegou que a falta de cargas nos portos, a crise agravada pela pandemia da covid-19 e as constantes manutenções da embarcação no último ano provocaram o atraso de pagamento aos funcionários. A escala no Porto de São Sebastião, inclusive, teria o objetivo de viabilizar o reparo de equipamentos do cargueiro.
A Ocean Wide tinha ficado responsável pela contratação de novos tripulantes para substituir aqueles que desejaram retornar aos seus países de origem. A firma seria autuada pelas irregularidades encontradas.