Tripulantes de navios terão regras para desembarcarem nos portos brasileiros

Após proibição da PF ser revogada, Anvisa determinou condições para estrangeiros deixarem embarcações atracadas

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  24/03/20  -  21:30
No ano passado, cais santista recebeu 1.683 embarcações de origem chinesa ou com escalas no país
No ano passado, cais santista recebeu 1.683 embarcações de origem chinesa ou com escalas no país   Foto: Luigi Bongiovanni/ AT

Após a proibição do desembarque de tripulantes e passageiros estrangeiros no Porto de Santos, revogada 24 horas depois pela Comissão Nacional de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Conportos), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) impôs novas regras para o trânsito de marítimos no país. Agora, eles só poderão desembarcar 14 dias após a chegada a um complexo portuário brasileiro. A medida visa evitar a propagação do coronavírus. 


Tripulantes estrangeiros só serão autorizados a desembarcar quando for indispensável à operação portuária. “Também deve ser garantido o mínimo contato da tripulação com os trabalhadores portuários brasileiros neste período, restrito aos limites do terminal portuário”, diz a nota técnica da autoridade sanitária.


A nova norma foi editada no último domingo e também cria regras para navios que registraram casos de coronavírus. “Caso ocorra evento de saúde a bordo relacionado a Covid-19, durante o trajeto ou na estadia da embarcação no porto, a tripulação não poderá desembarcar por mais 14 dias a partir do último caso, a não ser os casos graves que necessitem de assistência médica. Outros eventos de saúde serão avaliados para autorização de desembarque”, determinou a Anvisa. 


O embarque de novos tripulantes também foi vetado pelo órgão – os marítimos são deslocados por via aérea e não é possível saber se tiveram contato com pessoas infectadas pela doença antes de chegarem aos portos e às embarcações. 
A Anvisa também recomenda a suspensão imediata das viagens turísticas na costa brasileira. “Os navios de cruzeiros serão autorizados a desembarcar os passageiros e tripulantes brasileiros assintomáticos. Todos devem ser orientados a realizar isolamento domiciliar por no mínimo 14 dias”. 


Para o diretor-executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, a medida é positiva, mas ainda não é suficiente. “Essa nota técnica vem como uma medida preventiva. Obviamente, eles estão tentando se acautelar da melhor forma possível para não afetar a população. Mas, o mais importante é inibir a descida da tripulação. E isso, a Anvisa não fez”. 


Parlamentar articula


Apesar da nova norma da Anvisa, a deputada federal Rosana Valle (PSB-SP) pediu ao presidente da República, Jair Bolsonaro, a volta das restrições impostas pela PF na semana passada. A medida, que proibia o desembarque de tripulantes no Porto de Santos, foi revogada no último sábado pela Conportos. 


Segundo o órgão de segurança nos portos, a justificativa para a revogação da decisão da PF é que esta é uma prerrogativa do da Anvisa ou dos ministérios da Saúde e da Justiça. 


Para Rosana, a proibição do desembarque de tripulantes estrangeiros “trouxe tranquilidade aos trabalhadores do maior e mais importante porto do País, e também à população regional”. Por isso, a revogação da medida é, segundo a deputada, um retrocesso.


“As tripulações circulam livremente pelas zonas portuárias, até atingirem as áreas urbanas. Enquanto isso, seguindo o que determinam as autoridades, os moradores de Santos e região são orientados a andar nas ruas somente em casos de extrema necessidade”, afirmou a parlamentar. 


Além de Bolsonaro, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, receberam os pedidos da deputada federal. 


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