Transporte de cargas perigosas preocupa o Porto de Santos

Falta de manutenção dos caminhões utilizados na movimentação de explosivos é destacada por autoridades da Operação Relíqua

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  06/10/20  -  16:36
Ao todo, 53 terminais do cais santista serão inspecionados durante a operação
Ao todo, 53 terminais do cais santista serão inspecionados durante a operação   Foto: Irandy Ribas/ AT

Terminará amanhã a primeira fase da Operação Relíqua, do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Até agora, 40 terminais portuários foram vistoriados por técnicos de diversos órgãos, que avaliam a movimentação e a armazenagem de cargas perigosas no Porto de Santos. Uma primeira impressão é de que o transporte é o ponto de maior preocupação das autoridades. 


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Ao todo, 53 terminais do cais santista serão inspecionados durante a operação. Os trabalhos foram motivados pela explosão que aconteceu em 4 de agosto, na zona portuária de Beirute, no Líbano. O acidente foi causado por uma carga de 2,7 mil toneladas de nitrato de amônio armazenada irregularmente. 


No Porto de Santos, a movimentação e a armazenagem desta carga ocorre no Terminal Marítimo do Guarujá (Termag),  na Margem Esquerda (Guarujá). Segundo a agente ambiental federal Ana Angélica Alabarce, responsável pelo Ibama na região, a instalação foi vistoriada nesta segunda-feira (5).

“Assim como em outros terminais, a situação está sob controle. O que vimos até agora na Termag, que é o terminal que movimenta a carga, foi muito bom. Agora, vamos para a outra parte da operação, que é a análise documental, que seguirá por um tempo”, destacou a representante do Ibama.


Na Margem Direita (Santos), não há armazenagem de nitrato de amônio e, quando há operação deste produto, ela é feita com descarga direta para caminhões. Todos os locais que movimentam a carga foram vistoriados.


As autoridades também inspecionaram terminais que já foram cenário de graves acidentes:  o da Ultracargo, na Alemoa, onde um incêndio durou cerca de nove dias, em abril de 2015; e o da Localfrio, em Vicente de Carvalho, em Guarujá, que, em janeiro do ano seguinte, foi palco de um vazamento de gás seguido de incêndio – na ocasião, uma fumaça tóxica atingiu os moradores de Vicente de Carvalho, que foram obrigados a deixar suas casas, além de habitantes  de outras áreas  de Guarujá, de Santos, Cubatão e São Vicente.


“No geral, não encontramos nada que nos preocupe até o momento. Alguns terminais têm alguns ajustes a serem feitos, outros receberam orientações. Mas nada que coloque em risco as operações”, afirmou Ana Angélica.


Transporte

Para a responsável pelo Ibama, as diversas irregularidades já encontradas no transporte de produtos perigosos nas vias de acesso ao Porto  é um ponto de atenção da operação.


As equipes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) já emitiram cerca de 100 multas e vários caminhões foram retidos até que as irregularidades sejam corrigidas. 


Entre os principais problemas encontrados, estão veículos transportando excesso de carga, sem autorização do Exército e com itens de segurança vencidos. Em alguns casos, ainda havia falta de licenças, como a emitida pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), além da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). 
“Nos preocupa a falta de manutenção de alguns casos. Então, este é um ponto importante para tomarmos atenção e focar nas correções. Já na parte portuária, os terminais estão em boa situação”, afirmou a responsável pelo Ibama. 


Discussão

A Operação Relíqua segue até a quinta-feira, quando haverá uma reunião com as autoridades envolvidas. Além de discutir os resultados das vistorias nos terminais, os grupos definirão o plano de ação da nova etapa dos trabalhos, que incluem as análises dos dados obtidos durante as inspeções. 


Além do Ibama, a Autoridade Portuária de Santos, a Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP), a Receita Federal, as polícias Federal e Militar, o Exército, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), a Vigilância Agropecuária Internacional (Vigiagro), a Agência Nacional de Transportes Terrestres e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) participam da operação.


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