Trabalhadores do Porto de Santos temem não conseguir transporte no lockdown

Portuários precisam que os terminais forneçam transporte e escalas especiais a partir desta terça-feira (23); atividade é considerada essencial

Por: Fernanda Balbino  -  23/03/21  -  09:46
MP 945 prevê afastamento de profissionais de grupo de risco
MP 945 prevê afastamento de profissionais de grupo de risco   Foto: Carlos Nogueira/AT

Trabalhadores do Porto de Santos dependerão de transporte fornecido pelos terminais portuários a partir desta terça-feira (23), quando começa o lockdown na região. Como a atividade portuária é considerada essencial, um esquema especial foi pensado para garantir as operações no cais santista. Mesmo assim, há a preocupação com o acesso dos profissionais aos seus locais de trabalho.


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Na região, as restrições mais severas vão até o próximo dia 4. O transporte público será limitado e os ônibus vão circular apenas das 5h30 às 8h30 e das 15h30 às 19h30. Não haverá coletivos aos finais de semana.


Por conta disso, os trabalhadores temem não conseguir chegar ao local de trabalho. Nesta segunda (22), o tema foi discutido em reunião virtual com representantes da Autoridade Portuária de Santos (APS), operadores portuários, o Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo) e a Prefeitura de Santos.


“No Porto e no retroporto, tem trabalhadores que atuam 24 horas por dia. Sem condução, essas pessoas não vão chegar. Por isso, é importante que seja disponibilizada as escalas, principalmente dos finais de semana, para que seja viabilizada o transporte dessas pessoas”, afirmou o presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), Everandy Cirino dos Santos.


O sindicalista, que também participou da reunião, conta que houve um pedido à Prefeitura para a ampliação dos horários dos ônibus, mas a administração municipal estava irredutível. Diante disso, a estatal que administra o Porto de Santos garantirá o transporte para cerca de 20 funcionários que atuam em turnos, nas áreas operacionais, como fiscais, amarradores e técnicos em meio ambiente e segurança de trabalho.


Levantamento


ATribuna.com.br apurou que, nesta segunda-feira (22), o Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp) começou a avaliar a demanda por transporte de trabalhadores junto aos terminais. A ideia é garantir o transporte em horários em que não haverá ônibus, principalmente entre 11 e 14 horas, entre 23 e 2 horas, além dos finais de semanas, das 5 às 8 horas e das 17 às 20 horas.


Estão sendo considerados como rota o trajeto que inclui: Ponta da Praia, Rodoviária de Santos, Alfândega de Santos, Estação Porto do VLT e ponto de travessia por catraia em Santos no Mercado Municipal.


Preocupações


O decreto que instituiu o lockdown em Santos também determina que as empresas atuem em regime de home office. No caso dos agentes marítimos, que também são considerados como atividade essencial, parte da categoria, apenas 20% do efetivo, necessita de presença física.


“Existem determinadas tarefas em que o comparecimento presencial é indispensável e é imperioso ponderar que, sem o agenciamento marítimo de navios, o funcionamento dos portos e de todo o comercio marítimo brasileiro ficaria prejudicado para não dizer, inoperante. O único elo entre o navio, o Porto e os demais órgãos anuentes se realiza exatamente por meio do agenciamento marítimo”, afirmou o presidente do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque.


O executivo destaca, ainda, diversos documentos que precisam ser protocolados presencialmente ou ainda as conferências físicas de mercadorias que precisam ser feitas pelas autoridades anuentes com a presença de despachantes. Há também questões como a substituição de tripulantes, que requer a presença e o acompanhamento de agentes marítimos.


“A situação atual é dramática e deveras preocupante e que temos que atuar em conjunto com os órgãos de saúde pública, face o estado de lotação que se encontram os hospitais”, afirmou Roque.
Procurado, o Ogmo não respondeu aos questionamentos da Reportagem até o fechamento desta edição.


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