Tráfego de veículos com até 30 metros na Anchieta preocupa caminhoneiros

Estado realizou testes na via, um dos principais acessos terrestres aos terminais do Porto de Santos

Por: Da Redação  -  06/12/20  -  10:36
Câmeras registram pouco movimento de veículos no trecho de Cubatão devido a acidente na serra
Câmeras registram pouco movimento de veículos no trecho de Cubatão devido a acidente na serra   Foto: Reprodução/Ecovias

O tráfego de caminhões com até 30 metros de comprimento é possível na Via Anchieta, um dos principais acessos rodoviários ao Porto de Santos. A comprovação é da Secretaria Estadual de Logística e Transportes, que realizou testes com esse tipo de veículo de carga na via. Agora, os dados passam por uma análise técnica. Dependendo do resultado, esses caminhões podem ser liberados para utilizar a estrada. 


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Atualmente, a Portaria nº 46/2013 do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) proíbe a circulação de caminhões e veículos de transporte coletivo com comprimento superior a 26 metros, entre os kms 40 e 55 da pista sul da Anchieta. Com a comprovação da viabilidade técnica do tráfego de caminhões com até 30 metros, a portaria pode ser revogada, e outra publicada.


Os testes foram realizados no dia 18 do mês passado, em alguns períodos de chuva. Duas Combinações de Veículos de Carga (CVC) foram utilizadas nas análises, feitas a partir de uma parceria entre o Estado e a Ecovias, concessionária que administra o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI). Eles fizeram tanto o movimento descida, como o de subida pela via.


De acordo com a Secretaria Estadual de Logística e Transportes, a iniciativa prevê um benefício logístico para o transporte de carga, uma vez que a rodovia é a principal ligação rodoviária com o Porto de Santos. Para o secretário João Octaviano Machado Neto, será possível diminuir o custo do transporte nos produtos exportados pelo cais santista. 


Logística 


Segundo a pasta, o estudo integra o planejamento para a implantação de uma nova matriz de logística no Estado. A ideia é oferecer modelos mais eficientes e corredores logísticos que favoreçam o trânsito de cargas, com maiores agilidade e segurança. 


“Buscamos uma cadeia logística eficiente focada no crescimento econômico de São Paulo e do País. Desta forma, queremos criar condições para um escoamento mais eficiente de mercadorias e com novos meios para a movimentação de cargas”, destacou Octaviano.


Proposta preocupa caminhoneiros


A flexibilização das regras de tráfego para veículos com mais de 26 metros de comprimento é vista com preocupação por usuários da Rodovia Anchieta. A segurança é um dos principais pontos abordados por caminhoneiros que utilizam o Sistema Anchieta-Imigrantes (SAI). 


Para o caminhoneiro Felipe Augusto Fernandes, as carretas cegonhas, que têm 22 metros, já ocupam praticamente duas faixas para realizarem as curvas da descida da Anchieta. “Na hora em que o caminhão perde o controle, a Serra não tem área de escape suficiente”, alerta. 


Fernandes ainda destaca a falta de locais para estacionar esses veículos em Santos.


Outro problema, segundo o caminhoneiro, encontra-se nos túneis. “Hoje, as mesmas carretas cegonhas, que são obrigadas a invadir faixas para fazer curvas na Serra, encontram o mesmo problema na saída de alguns túneis, pois precisam ocupar a outra faixa para não baterem no teto dos túneis”.


A mesma opinião tem o caminhoneiro Marcelo Aparecido da Paz, membro do Fórum Permanente do Transporte de Cargas, do Governo Federal. Ele aguarda o agendamento de uma reunião com representantes do Estado para tratar a questão.


Análises 


Para o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Carga do Litoral Paulista (Sindisan), André Neiva, a questão deverá ser resolvida por especialistas. Ele aponta que a demanda de algumas empresas da região e da Capital é antiga, mas a segurança deve vir em primeiro lugar.


“O Sindisan sempre se colocou da seguinte forma: se for seguro, terá o nosso apoio. Precisamos ouvir as pessoas que entendem para ver se a operação é segura”, disse Neiva. Ele aponta que, caso a medida seja aprovada, ela poderá trazer maior fluidez ao transporte de cargas em direção ao Porto e, ainda, ampliar a competitividade e a sustentabilidade. 


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