Terminal offshore, o futuro do Porto de Santos

Projeto de universitários visa encontrar saída para expansão do negócio, com um novo espaço para o armazenamento de cargas

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  12/01/20  -  21:01
Santos como um hub port do Brasil, mas com infraestrutura
Santos como um hub port do Brasil, mas com infraestrutura   Foto: Alexsander Ferraz/AT

O projeto de um terminal de contêineres offshore, localizado a 2 quilômetros da costa, é o tema do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de um grupo de quatro alunos da Universidade Santa Cecília (Unisanta). Os engenheiros civis identificaram a necessidade de expansão do Porto de Santos e toda a logística necessária para o transporte de cargas e pessoas até a futura instalação portuária.


Natalia Eusaudito Rodrigues, Mariana Reis Sevciuc e Vitor de Lavor Soares foram orientados pelo professor Adilson Gonçalves, que é coordenador do Núcleo Avançado da Associação para Colaboração entre Portos e Cidades (Rete) da universidade e do Núcleo de Estudos Portuários, Marítimos e Territoriais (Nepomt).


“No Plano Mestre é apresentado que, em 2050, o Porto de Santos terá a sua máxima expansão no contêiner e, a partir daí, não vamos mais ter espaço para armazenar a carga conteinerizada. A gente tem que ser competitivo com o mercado, mas não vai haver áreas para expansão”, destaca Natalia.


A partir dessa constatação, o grupo passou a estudar a movimentação de contêineres e seus impactos, assim como a logística necessária para a expansão da atividade no cais santista.


“Pensamos em uma solução que também levasse em consideração um hub port. A gente sempre diz que Santos pode ser um hub port do Brasil, mas precisa criar condições de infraestrutura para atender a essa movimentação”, afirma o orientador da pesquisa.


Pelas características do canal de navegação do Porto de Santos, as grandes embarcações têm dificuldades de manobrabilidade. Essa é outra questão que pode ser resolvida com um terminal offshore, que não demandará os altos investimentos em dragagem, necessários no cais santista.


Localização


De acordo com os autores do trabalho, a melhor localização para o terminal de contêineres offshore é a cerca de dois quilômetros da costa. O projeto prevê o calado de 20 metros na área de acesso e de 22 metros em cada um dos cinco berços de atracação da instalação.


Três deles terão 500 metros de extensão, o que possibilita a atracação de grandes cargueiros, diferentemente do que acontece no Porto de Santos, que estuda a viabilidade de tráfego de navios com 366 metros.


“A ideia é buscar uma profundidade compatível com esses navios de maior porte e essa profundidade a gente só vai encontrar em áreas fora do Porto, em mar aberto”, destaca Gonçalves.


De acordo com o projeto, o quarto berço será reservado para as operações de cabotagem. A ideia é que cargas com destino aos portos de Manaus, Suape, Salvador, Buenos Aires e Montevidéu sejam descarregadas ali para serem embarcadas em outros cargueiros.


Já o quinto berço será reservado para serviços, o que inclui a chegada de cargas e de pessoas, através de barcaças.


Segundo Natalia, a área total projetada para o terminal é de 180 hectares. Com isso, até 151 mil TEU (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) poderão ser armazenados no pátio.


Já a capacidade de embarques vai atingir a marca de 6 milhões de TEU por ano. O volume é semelhante ao atual do Porto. Em todo o ano passado, o cais santista movimentou 4,1 milhões de TEU.


Inspiração


Segundo Vitor Soares, todo o trabalho teve como inspiração o Maasvlakte, no porto de Roterdã, nos Países Baixos. Alguns portos chineses também foram estudados. “Em Roterdã, a cidade também cresceu em volta do porto e foi necessário buscar forma de expansão e foi mar adentro. Lá, eles têm uma característica diferente daqui de Santos, porque aterraram e expandiram a costa. Aqui, isso não é possível”.


Outras questões também foram levantadas. “Uma das preocupações foi não atrapalhar a área de fundeio e o canal de acesso ao Porto. Ele está em um ponto estratégico que não afeta nada na área. Também tem uma preocupação paisagística para não interferir no litoral de Guarujá e em Santos”, destaca Vitor Soares.


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