Sindamar questiona Anvisa sobre protocolos contra o coronavírus no Porto de Santos

Preocupação é com a vigilância após ampliação da lista de países de procedência para a definição de casos suspeitos

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  27/02/20  -  18:40
Kota Pemimpin atracou na tarde desta quarta (19) na Brasil Terminal Portuário (BTP), na Alemoa
Kota Pemimpin atracou na tarde desta quarta (19) na Brasil Terminal Portuário (BTP), na Alemoa   Foto: Carlos Nogueira/AT

Com a ampliação da lista de países de procedência para a definição de casos suspeitos do novo coronavírus no Brasil, aumenta a preocupação com a chegada de embarcações no Porto de Santos. O embarque de tripulantes que vivem nos locais em que há casos confirmados da doença é uma das grandes preocupações do setor.


Por conta disso, o Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar) questionou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre a possibilidade de atualizações nos planos de contingência. 


Embarcações procedentes de Japão, Singapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja, além da China, já eram monitoradas no cais santista porque faziam parte da lista de atenção do Ministério da Saúde. Com a nova atualização, a relação, agora, inclui, além da Itália, Alemanha, França, Austrália, Filipinas, Malásia, Irã e Emirados Árabes. 


Com isso, estão enquadradas dentro desta definição de casos suspeitos as pessoas que viajaram para esses países nos últimos 14 dias e que apresentarem febre e mais um sintoma gripal, como tosse ou falta de ar.


“O que nos preocupa é o fato de que o trânsito é mais intenso e o tempo do trajeto é menor para vários desses países”, afirmou o diretor-executivo do Sindamar, José Roque. 


Mesmo que os tripulantes deslocados de avião para assumirem postos de trabalho nas embarcações não estejam com sintomas da doença, os primeiros sinais podem se manifestar após a chegada nos cargueiros. Além disso, os marítimos também podem ter tido contato com pessoas infectadas dias antes do embarque. 


Segundo Roque, uma viagem da Itália, país que já registra 400 casos e 12 mortes por coronavírus, dura, em média, dez dias. Porém, elas não acontecem com frequência. 


Isto porque, normalmente, as embarcações passam por outros países, como Espanha, antes de chegar ao complexo santista. “Se passa pela Espanha, por exemplo, são 14 dias para chegar aqui. É exatamente o período de incubação da doença”, destacou Roque. 


Caso suspeito


Na semana passada, o navio Kota Pemimpin foi alvo de inspeção de equipes da Anvisa e da Vigilância Epidemiológica do estado e do município, no Porto de Santos. O motivo foi a suspeita de contaminação de dois tripulantes da embarcação, que tiveram sintomas gripais semelhantes ao coronavírus.


“Foram adotados todos os procedimentos do protocolo da Anvisa. Agora, o que nos preocupa é que a rota do Norte da Europa e do Mediterrâneo é bem mais rápida e frequente”, destacou Roque. 


A Praticagem de São Paulo também manifestou preocupação com a realização de inspeção da Anvisa com o navio atracado no cais santista. A entidade defende uma revisão nos protocolos para que a vistoria seja feita em um fundeadouro de quarentena, com a embarcação ainda na Barra de Santos.


A medida, segundo o presidente da Praticagem, Carlos Alberto de Souza Filho, pode evitar que os profissionais da categoria se tornem vetores do vírus, em caso de chegada de embarcações com tripulantes contaminados. 


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