Praticagem critica normas em navio graneleiro atracado no Porto de Santos

Navio está com um tripulante com covid-19, mas sem sintomas

Por: Da Redação  -  20/04/20  -  01:15
Prático sobe a bordo do graneleiro Saldanha, em sua saída do Porto
Prático sobe a bordo do graneleiro Saldanha, em sua saída do Porto   Foto: Divulgação

A Praticagem de São Paulo criticou a “falha de comunicação” e a “situação de risco” envolvendo o navio graneleiro NM Saldanha, que encontra-se fundeado na entrada da Baía de Santos. A embarcação tem um tripulante com a covid-19, mas sem apresentar sintomas. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informa que atuou de acordo com as normas oficiais, negando falhas.


O Saldanha chegou à região com um marítimo com tosse frequente. E na sexta-feira, atracou em Santos para que sua tripulação passasse por exames, a fim de verificar se alguém estava contaminado com a covid-19. Os testes descartaram que o profissional com tosse estivesse infectado, mas outro marítimo, que não apresentava sintomas, obteve um resultado positivo.


Como consequência, o navio desatracou na madrugada de ontem e seguiu para a área de fundeio do Porto destinada a navios em quarentena, na entrada da Baía de Santos.


Nesse sábado, em nota, o presidente da Praticagem, Carlos Alberto Souza Filho, informou que a categoria não tinha sido comunicada que um tripulante estava com suspeita de coronavírus. E por isso, o prático – profissional que orienta a navegação de um navio na área portuária e em seus acessos – que foi a bordo usava apenas “a proteção básica”: luva de látex e máscara. 


Ainda segundo Souza Filho, não foi acionado o plano de contingência do Porto e foi o comandante do graneleiro que explicou que o navio iria atracar para que a tripulação passasse por exames da Anvisa. O presidente ainda relatou que o tripulante contaminado “estava circulando normalmente pelo navio podendo ter contaminado outros tripulantes e o prático, que por sua vez passou a ser um possível vetor de disseminação do vírus para a comunidade”, segundo a nota.


Só após o resultado dos exames, quando o navio se preparava para ir para a área de fundeio, o plano de contingência foi acionado e a Praticagem foi avisada da confirmação do caso da covid-19, explicou Carlos Alberto Souza Filho.


Em nota, a Praticagem destacou que “essa falha de comunicação expôs o prático, que agora está afastado em quarentena até que seja testado, a um risco desnecessário sem a proteção adequada”. 


O presidente da entidade lembrou que está denunciando essa “situação de risco” desde janeiro e agora se concretizou. “Defendemos que o navio vá para um fundeadouro, um lugar mais abrigado, para que os técnicos da Anvisa possam subir a bordo e verificar. Nós práticos somos os primeiros a subir a bordo, temos os nossos próprios riscos e não queremos ser vetores da doença para nossos familiares e para toda a comunidade”.


Procurada, a Autoridade Portuária de Santos (nova denominação da Codesp) informou que não recebeu da Anvisa o pedido para o acionamento do plano de contigência – é a Autoridade Portuária quem aciona o plano, mas apenas diante de um pedido da Anvisa para isso.


Também em nota, a Anvisa explicou que o navio Saldanha não estava com um caso suspeito da covid-19, pois o tripulante com sintoma tinha apenas tosse. Se, por exemplo, houvesse tosse e febre, o caso seria tratado como suspeito.


A agência ainda informou que as inspeções são feitas em navios atracados. “A inspeção aconteceu por uma atitude bastante preventiva da equipe da Anvisa em Santos, que decidiu usar a abordagem mais cautelosa, realizando a inspeção e submetendo toda a tripulação à testagem”, relatou na nota.


A Anvisa ainda comuniciou que pediu à agência de navegação para informar o prático sobre a necessidade de uso dos equipamentos de proteção individual. E destaca que “ o uso de máscara cirúrgica e a distância social de 2 metros é condição suficiente para que o prático desenvolva o seu trabalho em segurança”.


Logo A Tribuna
Newsletter