Prático Fabio Fontes dedica 51 anos de vida ao cais e não pensa em parar

Prático chega a 81 anos de vida com dedicação ao Porto de Santos

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  18/05/20  -  00:53
Fabio Mello Fontes relembra até hoje o esforço que fez para passar na prova que mudou sua vida
Fabio Mello Fontes relembra até hoje o esforço que fez para passar na prova que mudou sua vida   Foto: Arquivo/AT

Viver de bem com a vida, sem ambições, e ajudar a família. Este é o segredo do sucesso do prático Fabio Mello Fontes, que completou, recentemente, 81 anos. Destes, 51 são dedicados ao Porto de Santos. Segundo ele, neste período, a tecnologia trouxe avanços às embarcações e mudanças na rotina. Mas o que não muda é a paixão pela navegação e pelo entra e sai de navios no cais santista. 


Na infância, o Porto de Santos já era o seu destino preferido. Aos nove anos, Fontes ia, de bicicleta, até a Ponta da Praia, para ver as embarcações bem menos modernas do que os atuais. 


O prático seguiu para o Rio de Janeiro, onde se formou na Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante. Na capital fluminense, se casou com Ed Bebert Fontes e teve três filhos. Mas o trabalho em alto-mar e a falta da família o fizeram rever os planos. 


Em uma das escalas no Porto de Santos, em 1967, Fontes conheceu um prático santista e comentou sobre a ideia de seguir a profissão. “Trocamos cartões e, um ano depois, recebi um telegrama, informando que haveria um novo concurso. Retornei para Santos, com poucas roupas e muitos livros. Entre 10 de abril de 1968 e a primeira semana de janeiro do ano seguinte, estudei 15 horas por dia, sem Natal, sem Ano-Novo, sem finais de semana”. 


O resultado foi a aprovação, em primeiro lugar, no concurso da Praticagem de São Paulo que reuniu mais de 600 candidatos. “Foi mais um ano de treinamento e deu tudo certo. Conto esta história com emoção porque sei o esforço que precisei fazer para chegar até aqui. Sou muito grato”. 


Desde então, Fontes viveu diversas transformações da indústria naval e das operações portuárias. E teve oportunidade, também, de viajar à Antática com o navio Professor Besnard, da USP.


Os navios ficaram mais largos, compridos e pesados. Mas agora têm uma tecnologia que torna a navegação e as manobras mais seguras e confortáveis. 


“Quando entrei na Praticagem, os navios oscilavam entre 120 a 128 metros. Atracávamos com quatro ou cinco metros de distância. Ainda navegavam navios da 2ª Guerra Mundial. Hoje, altamente sofisticados, seguros e maiores, com mais de 300 metros. Atracamos com mais de 25 metros de folga e ainda reclamam que está muito perto”. 


Futuro 


Com a experiência de mais de 50 anos no cais santista, para Fontes, o Porto de Santos tem um futuro brilhante e continuará sendo a maior fonte de riqueza e empregos na região. 


“Isto pela simples razão de que Santos é a porta de entrada de um interior muito rico, o Estado de São Paulo. É um país de porte médio na Europa. Mas o Brasil precisa ajudar o empreendedor, ser mais prático”. 


Hoje, o principal desejo de Fontes é o fim da pandemia de covid-19. Mas, mesmo com a tensão causada pelos riscos da doença, o profissional não deixou de trabalhar. “Sou um prático em plena atividade, mesmo na quarentena. Não tomo nenhum remédio de uso regular. Não tenho nenhuma doença típica da terceira idade, diabetes, pressão alta. A cabeça está boa. Estou de bem com a vida e com a minha realidade”, comemora. 


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