A Autoridade Portuária de Santos abriu ontem, por 45 dias, uma consulta pública para a criação de uma sociedade de propósito específico (SPE), que ficará responsável pela gestão das linhas férreas do cais santista. A Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips), como deverá ser chamada, poderá reunir várias empresas para uma gestão compartilhada.
O plano foi anunciado em agosto pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, durante sua participação no 14º Webinar Porto & Mar 2020 – promovido pelo Grupo Tribuna. Na ocasião, o executivo afirmou que a consulta pública seria anunciada em um mês.
Segundo o ministro, se a ideia não prosperar, o plano é incluir as linhas férreas que dão acesso ao complexo no projeto de desestatização da administração do cais santista, que deve acontecer em 2022. Tudo isto é necessário por conta do aumento da demanda, a partir da ampliação das linhas férreas que seguem em direção ao Porto de Santos.
Hoje, o serviço de transporte ferroviário e a sua infraestrutura no Porto estão sob responsabilidade da Rumo Logística (Grupo Cosan). Mas o contrato está nos últimos anos – ele termina em 27 de junho de 2025 - e não será renovado.
O temor da Autoridade Portuária é que o acesso ferroviário se torne um gargalo. Isto porque a malha interna atual permite a movimentação de 50 milhões de toneladas por ano (atualmente já opera 45 milhões de toneladas por ano), mas a demanda deve bater a casa das 75 milhões de toneladas anuais em breve.
Além disso, o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do Porto prevê um aumento de 91% na movimentação ferroviária até 2040, para 86 milhões de toneladas por ano.
Para dar conta desse volume, a estimativa é de que sejam necessários R$ 2 bilhões em obras ferroviárias – novos ramais, uma pera ferroviária na Margem Direita (Santos), um retropátio ferroviário na Margem Esquerda (Guarujá) e a eliminação dos cruzamentos em nível e construção de passarelas de pedestres na área portuária.
A previsão de aumento da movimentação de cargas através do modal ferroviário leva em conta a renovação do contrato com a Rumo, desta vez, para a gestão da malha paulista até 2058. Conforme anunciado pelo diretor da concessionária, Guilherme Penin, durante Webinar Porto & Mar realizado em junho, no total, a empresa fará investimentos de mais de R$ 6 bilhões em obras, trilhos, vagões e locomotivas.
Com isto, a capacidade de transporte ferroviária em direção ao Porto de Santos poderá chegar às 100 milhões de toneladas.
detalhes da consulta
De acordo com a Autoridade Portuária, o modelo proposto de SPE consolida a dinâmica empregada no contrato vigente, com a gestão integrada da Fips por todos os interessados, além de autorregulação operacional entre as concessionárias ferroviárias e o rateio de custos e despesas proporcionais à movimentação de carga.
A estatal também propõe aperfeiçoar o processo de contratação das operadoras ferroviárias, por meio de um chamamento público, conforme previsto na Lei 13.303/2016, que legitima a dispensa de processo seletivo competitivo quando a oportunidade de negócio puder ser ofertada a todos os interessados.