Piloni defende integração digital nos portos

Secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Minfra aposta em tecnologia para agilizar processos

Por: Da Redação  -  25/07/20  -  21:28
MP 945 recebeu emendas que mudaram o marco regulatório do setor
MP 945 recebeu emendas que mudaram o marco regulatório do setor   Foto: Carlos Nogueira/AT

Aprimorar processos, investir em inovação e fazer da tecnologia uma aliada para melhorar o desempenho comercial e a eficiência nos portos brasileiros. Esses foram os pontos discutidos no painel Os planos e desafios da Transformação Digital no Setor Portuário, parte da programação da Digital Week,  promovida pelo Ministério da Infraestrutura (Minfra) neste mês.


“O porto é diariamente desafiado a desenvolver novas tecnologias para facilitar a vida do cidadão e a ser pioneiro na digitalização, precisando ser eficiente para dar regularidade ao fluxo de cargas. Vamos fazer com que essas tecnologias se integrem, junto com órgãos públicos e empresas privadas, para se tenha uma maior agilidade nos processos portuários”, afirmou o secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Diogo Piloni, que destacou ainda o novo perfil profissional portuário, que tem que ser mais ligado à tecnologia e à operação dos grandes equipamentos. “O desafio está em integrar não só os anuentes, mas também a iniciativa privada para o compartilhamento de informações para que o porto não seja um gargalo”, considera ele. 


O diretor do Departamento de Gestão e Modernização Portuária da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Otto Burlier, pontuou que ser líder em infraestrutura de transportes faz parte dos desafios do Minfra e, também,  que a pasta tem planejado a modernização e a otimização dos serviços. 


Burlier mostrou quatro projetos em desenvolvimento para essa otimização: a modernização do Porto Sem Papel, os gerenciamentos dos tráfegos aquaviário e terrestre e a implantação do Port Community System (PCS). “Do Porto Sem Papel, ainda temos vários processos para aprimorar para ter um portal único para anuentes e usuários dos portos”, diz, sobre o projeto implantado em 2011 para substituir formulários em papel e informatizar procedimentos. 


O diretor lembrou ainda da importância do VTMIS (na sigla em inglês para Vessel Traffic Management Information System, que é o Sistema de Gerenciamento de Informações do Tráfego de Embarcações). E destacou os problemas ocorridos no Porto de Santos em 2013, com o grande congestionamento de caminhões, como ponto de partida para que o Governo Federal começasse o gerenciamento do tráfego terrestre com uma série automações deste processo. 


O consultor da Palladium Group, que faz parte do consórcio contratado pelo governo britânico para a implantação do PCS no Brasil, Marcelo D’Antona, falou do conceito da plataforma aberta para intercâmbio de informações inteligentes. “Uma das barreiras para exportar e importar é a falta de qualidade no serviço portuário. Mas não estamos falando só de tecnologia da informação, mas de um projeto de gestão de mudança, na forma como os agentes se relacionam e como as informações são transacionadas”, define. 


Uma das metas do projeto, que deu os primeiros passos em outubro do ano passado, é diminuir o tempo de carga parada em navios e no porto. Ao final do terceiro ano de atuação, após mapear todos os processos, a intenção é que um projeto piloto de PCS seja implantado em Santos. D’Antona citou que portos do Reino Unido e da Alemanha têm experiências  bem sucedidas com esse projeto.
 
Qualidade no serviço portuário


A especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental de Experiência do Usuário do Ministério da Economia, Luanna Roncaratti, apresentou resultados de uma pesquisa realizada no início do ano, em oito regiões portuárias do País, incluindo Santos. O estudo apontou quais eram as principais dificuldades enfrentadas pelas agências de navegação para atracação e desatracação de navios. “A interação das agências com os órgãos públicos é complexa e desgastante”, diz ela. 


De acordo com a especialista, em determinadas situações, que não são exceção, uma agência deve realizar até 57 ações, em canais diferentes, para desembarcar uma carga no Brasil. “Isso gera erro, mais tempo e maior custo para o comércio exterior”, analisa Luanna. O relatório detalha cinco problemas principais - ligados a questões de multas, pagamento de taxas, demora na resposta de órgãos anuentes e alto custo de praticagem – e apontam 21 sugestões de soluções. Burlier garante que o estudo vai ser analisado e  ajudará na tomada de decisões. 


No final do evento, o gerente de Inovação do Porto de Suape, Ed Dantas, falou do que está sendo feito para que o complexo portuário se torne um polo de Inteligência. “Tecnologia não resolve o problema. Tecnologia é um meio para isso. Para a transformação digital tem que se entender os dados para ter inteligência”, explicou.


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