Operação de contêineres cai 2% nos portos brasileiros

Aprovação de reforma é vista como solução

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  06/06/19  -  22:55
  Foto: Carlos Nogueira/AT

O primeiro trimestre do ano registrou uma queda de 2% no volume de exportações e importações de contêineres nos portos brasileiros, segundo dados da Dataliner divulgados pela APM Terminals, do Grupo Maersk. Com base nesse estudo e na realidade política do país, diretores da armadora Maersk Line acreditam na repetição dos maus resultados neste trimestre e no próximo semestre.


Segundo Antonio Dominguez, diretor geral da Maersk Line para a Costa Leste da América do Sul (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai), a situação brasileira só mudará após a reforma da Previdência. Ele explica que a situação política do país gera falta de confiança nos clientes. “Estão em compasso de espera. Não vão fazer investimentos até que a reforma seja aprovada”.


Conforme Dominguez, como a questão da Previdência foi prorrogada para o segundo semestre, ele não descarta que o país entre em recessão, com a diminuição da produção, menos empregos e uma contração no ciclo econômico. A diretora de Atendimento ao Cliente da Maersk Line, Elen Albuquerque de Carvalho, ressalta que para essa recessão basta o Brasil fechar mais um trimestre com nova queda no Produto Interno Bruto (PIB). De janeiro a março o recuo no PIB foi de 0,2%.


A executiva aponta que o novo governo fez com que o mercado esperasse um crescimento nas exportações e importações de cargas conteinerizadas. “Foi uma surpresa um pouco negativa. Vemos um cenário um pouco preocupante para o futuro. A redução da importação afeta indiretamente a exportação. Vimos, por exemplo, a queda na área de produtos manufaturados, um decréscimo de 7% que está relacionado ao consumo interno”.


Elen destaca a redução de 5% na importação de maquinário. “Enxergamos uma retração de investimento por parte dos empresários, o que pode impactar nas exportações”.


O diretor geral da Maersk reforça que é o momento do Governo cumprir o prometido na campanha. Só assim o país deve se recuperar. “Prometeram uma economia aberta, reformas rápidas e acordo de livre comércio”.


Perdendo mercado


Em meio a essa falta de confiança, Dominguez alerta que o Brasil tem perdido mercado para os países vizinhos e outros, como a Austrália, que passou a exportar carne de porco para a China. O diretor explica que os investidores só observamos números para fechar negócios e, de acordo com estes, o país também não vai bem.


“No ranking de competitividade, o Brasil ocupa a 59ª posição, enquanto a Venezuela está na 63ª. Na lista de capacidade de fazer negócios, o país aparece no 109ª lugar, o Chile está em 56º, a Colômbia em 65º e o Peru em 68º. Em níveis de corrupção, o Brasil é o 105º colocado e o Chile está em 27º. Onde você investiria?”.


Movimentação portuária


O consultor portuário da Agência Porto Ivam Jardim concorda que a reforma pode mudar o cenário e reaquecer a economia. E lembra que, contrariando a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), que previu um crescimento de 3,5% na movimentação portuária em todo o País em 2019, o que se viu entre janeiro e abril foi uma retração de 5,24% ante ao mesmo período do ano passado.


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