Marcelo Sammarco: Covid-19 e a oferta de containers no mercado brasileiro

Momento não é de pânico, mas requer cautela e medidas preventivas

Por: Marcelo Sammarco  -  18/03/20  -  20:53
Covid-19 e a oferta de containers no mercado brasileiro
Covid-19 e a oferta de containers no mercado brasileiro   Foto: Ilustração: Padron

Como se sabe, o container, enquanto acessório e parte do navio, é equipamento essencial para a operação e o transporte marítimo de carga geral unitizada. Sem container, não há como comercializar frete nesta modalidade de transporte. Consequentemente, a retenção de containers em portos mundo afora e atrasos na respectiva devolução aos armadores impactam negativamente a logística do setor. 


Em decorrência da pandemia de Covid-19, cujo início se deu na cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China, entre o fim de dezembro do ano passado e início de janeiro deste ano, as atividades da indústria e operações em portos chineses foram suspensas temporariamente. Oito dos principais portos da China, incluindo Shenzhen e Xangai, registraram queda de quase 20% no tráfego de containers no último fevereiro, em relação ao mesmo período em 2019.


De acordo com recente pesquisa realizada pela Agência Reuters, as exportações da segunda maior economia do mundo recuaram 14%, enquanto que as importações caíram cerca de 15% em relação aos meses de janeiro e fevereiro do ano anterior. É certo que parte desta queda se deve às festividades do ano novo chinês. Mas no comparativo com o ano anterior, vê-se que a redução foi mais acentuada neste ano em razão do novo coronavírus.


Como consequência de toda esta situação, houve acúmulo e retenção acima do normal de containers nos portos chineses nestes primeiros meses do ano. Além disso, com a suspensão temporária das atividades portuárias e industriais na China, os armadores se viram obrigados a desviar rotas de navios que originariamente atenderiam escalas nos portos chineses, de forma que containers cheios destinados ao mercado chinês levarão mais tempo para serem reposicionados na frota dos armadores. 


Considerando a participação da China no PIB mundial, cerca de 18%, o quanto antes a China retomar a normalidade, melhor para todos. Felizmente, os terminais portuários chineses estão retomando as atividades.


Entretanto, a paralisação do mercado chinês nos primeiros meses de 2020 ainda não trouxe impactos diretos na oferta de containers para o mercado brasileiro. Tendo em conta o tempo de duração das viagens entre China e Brasil, especialistas do setor avaliam que os primeiros reflexos para o nosso mercado deverão ser notados no fim deste mês e início de abril, sendo o principal deles a escassez de containers. Especialmente, unidades do tipo reefer. 


Certamente, o momento não é de pânico, mas requer cautela e medidas preventivas. Os armadores, por sua vez, já estão adotando medidas alternativas para evitar, ou ao menos minimizar o tanto quanto possível, os impactos da pandemia na oferta de containers e preços de fretes. 


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