A instalação do Terminal de Regaseificação de GNL (Gás Natural Liquefeito) de São Paulo (TRSP) no Porto de Santos e a segurança de suas operações foram debatidas nesta terça-feira (15), em audiência pública virtual promovida pela Prefeitura de Santos. A sessão tratou do Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV) do empreendimento, a ser implantado pela Compass Gás e Energia, do Grupo Cosan.
Participantes da audiência questionaram a segurança da unidade, projetada para ser construída entre a Ilha dos Bagres e o Canal de Piaçaguera, no Largo do Canéu (em frente à região da Alemoa, a 900 metros). Mas o gerente executivo da Compass, Edson Moro, destacou que a instalação seguirá normas rígidas para evitar quaisquer danos.
Segundo Moro, a operação é segura. Na apresentação inicial, ele destacou a existência de 200 terminais semelhantes no mundo e nenhum registro de ocorrência grave em 60 anos da atividade.
O executivo explicou que o produto importado chegará ao terminal em estado líquido (resfriado a -160˚C), em embarcações equipadas com tanques individuais e reforçadas por cascos duplos, afastando o risco de vazamentos. A transferência do produto ocorre pelo método ship to ship (de navio para navio) e, segundo ele, caso haja algum sinal de vazamento, o processo é interrompido automaticamente.
O gerente executivo explica que o terminal de regaseificação (que é uma embarcação) permanecerá atracado a dolphins (estruturas onde são presas as amarras do navio), que serão construídos no Largo do Canéu. Ao ser regaseificado, o GNL segue por gasodutos até o centro de distribuição a ser erguido em Cubatão.
Participantes perguntaram sobre a segurança dessas tubulações e riscos de vazamentos. Moro apontou que as estruturas ficarão “10 metros abaixo do leito do canal” e, desta forma, estarão protegidas mesmo que sejam realizadas dragagens.
Localização e impacto
Após a apresentação da empresa, que durou em torno de 40 minutos, a Prefeitura abriu espaço para a manifestação daqueles que se inscreveram para a audiência – muitos são membros de entidades comunitárias e de defesa ao meio ambiente.
Houve questionamentos sobrealocalizaçãodoterminal,aserinstaladoadoisquilômetrosdeáreashabitadas, e ainda sobre a proximidade dele com instalações portuárias que movimentam combustíveis. A empresa destacou que nenhuma comunidade está perto do local.
AcoordenadoradeLicenciamento, Permissões e Fundiário da Compass Gás e Energia, Patricia Crevilaro, explica que foram avaliadas seis alternativas de locais e aquela que se mostrou mais segura e com menor impacto ao meio ambiente foi a área no Largo do Canéu.
Como conclusão do EIV, Patricia aponta que o terminal estará “fora da área urbana de Santos e não irá gerar ruídos e poeira”. Além disso, destacou que “as obras (que levarão 18 meses) ocorrerão no Porto de Santos e não vão impactar o trânsito local. (Também) não modificará a vocação do Porto”.
Após a sessão de ontem, a Comissão Municipal de Análise de Impacto de Vizinhança vai analisar o Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e as contribuições adquiridas durante a audiência. Depois, apresentará um Termo de Responsabilidade de Implantação de Medidas Mitigadoras e Compensatórias (Trimmc), que definirá as ações de ressarcimento a serem feitas pela empresa para que as obras possam ser iniciadas.