Ibama irá rastrear cargas perigosas no Porto de Santos na próxima semana

O plano prevê a reavaliação dos procedimentos de armazenagem e movimentação de produtos explosivos para evitar acidentes semelhantes ao ocorrido no Líbano

Por: Fernanda Balbino  -  07/08/20  -  21:47
Há vagas para pessoas com deficiência; oportunidades para atuar como analista são maioria
Há vagas para pessoas com deficiência; oportunidades para atuar como analista são maioria   Foto: Divulgação/ Creative Commons

Autoridades do Porto de Santos vão se reunir no final da próxima semana para iniciar um rastreamento de cargas perigosas no cais santista. O encontro é uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e foi motivado após a explosão de uma carga de nitrato de amônio na zona portuária de Beirute, no Líbano. O plano prevê a reavaliação dos procedimentos de armazenagem e movimentação de produtos explosivos para evitar acidentes semelhantes no complexo.  


A explosão no Líbano deixou mais de 150 mortos e 5 mil feridos. Ela foi causada pela detonação de 2.750 toneladas de nitrato de amônio. A carga também é operada no cais santista, onde já foram registradas ocorrências de menor porte envolvendo o produto.   


No Porto de Santos, a movimentação e armazenagem de nitrato de amônio ocorre no Terminal Marítimo do Guarujá (Termag), localizado na Margem Esquerda (Guarujá). Já na Margem Direita (Santos) não há armazenamento e, quando há operação deste produto, ela é feita com descarga direta. No ano passado, mais de 2,2 milhões de toneladas de fertilizantes foram desembarcadas no cais santista. 


Segundo a agente ambiental federal Ana Angélica Alabarce, responsável pelo Ibama na região, diversos órgãos já foram acionados. Entre eles, estão a Autoridade Portuária de Santos, a Capitania dos Portos de São Paulo (CPSP), a Receita Federal, a Polícia Federal, a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).  


Falta apenas a confirmação da presença de representantes do Exército brasileiro e de uma autoridade estadual. “Este é um trabalho que pode durar dois dias ou meses. Mas alguma coisa vamos fazer para deixar a situação mais certa, limpa e segura no que se refere ao armazenamento de produtos perigosos no Porto de Santos”, afirmou a agente ambiental federal.  


Ana Angélica aponta que os trabalhos serão iniciados por um levantamento atual das regras e procedimentos adotados no manuseio e armazenagem de cargas explosivas, assim como os volumes operados no Porto de Santos. Vistorias e pedidos de informações a terminais também devem estar na lista de ações do grupo de trabalho.  


Com um diagnóstico da situação, a ideia é iniciar a etapa de prevenção. “Quando acontece algo, a gente passa a mirar nesse ponto porque é um alerta para todos. Eu não quero ter que atender uma ocorrência. O que eu quero é não ter que agir em um acidente. A ideia é prevenir, evitar que ele ocorra”, destacou a responsável pelo Ibama na região. 


Trabalho invisível 


Para Ana Angélica, os esforços na prevenção de acidentes são, muitas vezes, invisíveis. Mas isto não quer dizer que os trabalhos sejam negligenciados no cais santista. Isto porque as operações, além de fiscalizadas, contam com programas de gerenciamento de riscos.  


“A gente está há muitos anos se mexendo, acompanhando, cobrando diversos envolvidos. Fizemos o descarte dos cilindros para evitar um risco tão grande quanto este, mas é um trabalho que quase ninguém vê”, afirmou a executiva.  


Uma dessas ações foi a destruição, em 2017, de 115 cilindros com produtos químicos “esquecidos” no Porto de Santos por 22 anos. Entre as cargas, havia recipientes com diborano, diazometano,  fosfina,  cloreto de hidrogênio, entre outros, todos tóxicos ou explosivos. Eles foram destruídos a 90 quilômetros da costa.


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