Frederico Bussinger: Antes de mais nada, que tal organizar a pauta portuária?

Nesta edição da coluna, o consultor, engenheiro e economista fala sobre a criação de uma agenda direcionada ao setor portuário

Por: Frederico Bussinger  -  22/02/19  -  20:09

“Do sincrético, pelo analítico, 
ao sintético” (Nicéa - minha mãe)


Notícias não faltam! Difícil é nesse 2019 seguir o clipping do “Complexo Portuário da Baixada Santista”: descentralização/regionalização; privatização da dragagem e/ou da CODESP; renovações de arrendamentos; preservação das conquistas trabalhistas; estivadores com vínculo empregatício; solução dos passivos da CODESP (trabalhista, tributário, INSS e PORTUS); riscos de aposentados sem pagamentos; dívidas de operadores com o OGMO; R$ 317 milhões (obras rodoviárias) a esclarecer; “filas intermináveis” na travessia; agora, ponte de 7,5 km ligando as 2 margens; novo acesso rodoviário; implantação da “Ferradura” ferroviária e hidrovia; pátios para carretas; agendamento de caminhões; plataforma digital; revitalização de armazéns; VTMS; vedação de “nomeações políticas” e dirigentes (tecnicamente) qualificados; lentidão na posse dos novos diretores; entraves burocráticos e falta de servidores nos anuentes (Alfândega, ANVISA, etc); CAP com poder decisório; revisão da Lei dos Portos e do PDZ; elaboração do PDUI (da Região Metropolitana).


Tampouco faltam atores: ministro e vice-Presidente; GESP; prefeitos e câmaras (dos 3 municípios); TRF-3; MPF; Artesp; Dersa; Ecovias; parlamentares (recém-eleitos à frente); entidades de operadores, trabalhadores, arrendatários e usuários. Muitos instrumentos/fóruns também: reuniões (diversos formatos); ACP (descentralização e improbidade); TAC; Ação Rescisória; convênio de Delegação; frente(s) parlamentar(es). 


Esses são temas e protagonistas santistas. Mas, ainda que variando qualitativamente e em graus, tal quadro se repete em quase todos os portos brasileiros. E, geralmente, com pauta tão caleidoscópica quanto esta!


“Fique atento. Pode acontecer tudo, inclusive nada”. Era um dos bordões de Marco Maciel (tema de forró também!). Para reduzir tanto o risco de que, como em vezes anteriores, tal vaticínio se concretize, ou se gaste mais energia para produzir calor que luzes, que tal armar o jogo no vestiário antes de adentrar o gramado? Nesse sentido, a metodologia que D. Nicéa propunha aos alunos de didática na UFES, para estruturar aulas, relatórios, artigos e planos pode ser aplicável também a portos: do sincrético, pelo analítico, ao sintético!


8 passos para reflexão: I) Caracterizar: para além do opinativo, qual o problema a ser resolvido com o tema/proposta? Quais os objetivos a serem alcançados? II) Segmentá-los pela natureza/função, pois heterogêneos. P.ex: institucional, operacional, trabalhista, etc. III) Hierarquizar. P.ex: ponte e entraves burocráticos são de níveis distintos, não? IV) Encadear. P.ex: se a CODESP for privatizada, a escolha de dirigentes toma outro rumo. V) Identificar competências. P.ex: os parlamentares têm peso político plural, mas sobre leis e orçamentos sua função é insubstituível. O Judiciário é autônomo e as entidades não são executivas. VI) Fasear: o estratégico, o tático/políticas e o operacional/executivo. VII) Estimar custos e prever fontes. VIII) Cronogramar para monitorar.


Desenhar o quebra-cabeças, formalizar o processo, estabelecer metas e pactuar sua condução, entre atores (tão!) autônomos, certamente aumenta as chances de êxito da empreitada.


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