Ferradura não será gargalo no Porto de Santos, diz MRS

Concessionária ferroviária destaca investimentos feitos em seus acessos ao cais santista e os planos de mais melhorias

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  20/03/21  -  02:11
  Foto: Alexsander Ferraz/AT

Os pedidos de inclusão da “Ferradura” (as linhas ferroviárias que vão do sopé da Serra do Mar até as duas margens do Porto de Santos) em uma nova concessão são reflexo da desinformação em torno dos investimentos já realizados na estrutura e dos que ainda serão realizados – que vão garantir o crescimento das cargas ferroviárias no cais santista. O posicionamento é da MRS, empresa responsável pela gestão desse acesso ferroviário. Ela aponta que cerca de R$ 1 bilhão já foram investidos nele, desde 1997, e outro montante ainda deve ser utilizado para melhorias no local, que pode ter sua capacidade ampliada.


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A MRS tenta manter a gestão dos acessos ao Porto de Santos até 2058, se comprometendo a investir cerca de R$ 7,5 bilhões em toda a sua concessão, que inclui 1,6 mil quilômetros de linhas que atravessam três estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Se o pleito de retirada da Ferradura do contrato for atendido, o cronograma de investimentos da companhia, em análise pelo Governo, deverá ser revisto.


A Ferradura virou o centro das atenções na audiência pública realizada no mês passado, para discutir detalhes sobre a criação de uma sociedade de propósito específico (SPE) que vai gerir a malha ferroviária interna do complexo portuário santista, denominada Ferrovia Interna do Porto de Santos (Fips). Os participantes defenderam que a estrutura ferroviária deixe de ser administrada pela MRS para fazer parte de uma nova concessão.


O principal argumento é que a Ferradura carece de investimentos e sua capacidade está perto do limite. Os dois pontos são rechaçados pela MRS. A empresa aponta que cerca de R$ 1 bilhão foram investidos no acesso ao Porto desde o início da concessão e ainda destaca que as linhas podem receber mais cargas.


“A malha da MRS nunca foi gargalo e não vai ser, porque temos um plano já desenhado e consensado com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres). A gente sabe como gerar capacidade”, destacou o gerente geral de Renovação da Concessão da MRS, Rafael Hipólito.


Volume


O executivo destaca a ampliação do volume transportado em direção ao Porto de Santos. Em 1997, 5 milhões de toneladas passaram pelas linhas férreas. Já em 2019, foram 48 milhões de toneladas.


Segundo Hipólito, a malha da MRS tem uma sobra de capacidade de 22%, em média. Além disso, o executivo aponta que as previsões da empresa indicam a movimentação, até 2056, de 109 milhões de toneladas em direção ao cais santista.


Para atender a esta demanda, a MRS aposta em melhorias operacionais e obras, que incluem nova sinalização, ampliação e construção de pátios nas duas margens, além da eliminação de conflitos.


Apesar da existência do plano, a empresa não revela quanto deve ser investido exclusivamente no acesso ao cais santista. A justificativa é de que as propostas de investimentos ainda estão em análise pela ANTT. “No contrato firmado em 1997, não havia obrigação de investir e investimos. Agora, teremos um contrato pesado, com investimentos obrigatórios”, destacou o gerente geral de Relações Institucionais da MRS em São Paulo, José Roberto Lourenço.


Segundo o executivo, os cerca de R$ 1 bilhão já investidos pela empresa incluem obras na região da Cremalheira, que compreende a descida da Serra, e no planalto, na região de Suzano.


Questionados sobre o pedido de retirada da Ferradura do contrato, os executivos da empresa apontam que não contam com essa possibilidade. “Temos zero preocupação. A capacidade vai ser garantida”, afirmou Hipólito. “A MRS nunca foi procurada para oficializar essa hipótese”, completou.


Durante a audiência pública do Porto, representantes do Governo disseram que a questão está sendo avaliada pelo Ministério da Infraestrutura.


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