Falta de novo acesso ao Porto prejudica exportação de algodão, diz Maersk

Segundo armadora, nova infraestrutura ferroviária pode reduzir custos das exportações da commodity

Por: Fernanda Balbino & Da Redação &  -  09/07/20  -  00:46
Movimento de vagões no Porto de Santos: projetos também envolvem melhorias nos acessos ferroviários
Movimento de vagões no Porto de Santos: projetos também envolvem melhorias nos acessos ferroviários   Foto: Carlos Nogueira/AT

A falta de um novo acesso ferroviário aos terminais da Margem Direita do Porto de Santos amplia os custos logísticos das exportações de algodão. Com uma safra prevista de 2,8 milhões de toneladas, cerca de 1,8 milhão de toneladas da commodity devem ser exportadas em todo o País. Deste total, a maior parte, o equivalente a 95%, será escoada pelo cais santista. 


A análise é da armadora Maersk, líder mundial no transporte marítimo de contêineres. De acordo com o diretor Comercial para Costa Leste de América do Sul da empresa, Gustavo Paschoa, as exportações de algodão começaram em alta neste ano. A colheita da próxima safra deve ser iniciada no próximo mês, mas os embarques se estenderão até março do ano que vem. 


Segundo o executivo, apenas uma fatia, que varia entre 30% e 35%, do algodão escoado pelo Porto de Santos é transportada através de ferrovias. Esta rota parte de Rondonópolis (MT) e segue em direção ao cais. 


Neste caso, a estufagem dos contêineres é feita na zona produtora, no Centro-Oeste. A carga direcionada à Margem Esquerda (Guarujá) do complexo é embarcada no Tecon, administrado pela Santos Brasil. 


“O modal ferroviário cresceu muito e é significativo, representando entre 30% e 35% do total. Há dois anos, o volume era de 10% a 12%”, explicou Paschoa. 


O executivo explicou, ainda, que após a chegada da carga no complexo marítimo, os contêineres vazios são transportados pelas ferrovias até Rondonópolis, o que garante eficiência logística e consequente redução de custos. No entanto, essa operação esbarra em um gargalo de acesso à Margem Direita (Santos). 


Por isso, as cargas que são operadas nesta região são transportadas de trem entre Rondonópolis e Sumaré, no interior do Estado. De lá, partem em caminhões até o Porto. Mas o custo logístico pode ser até 40% maior. 


Apesar da alta das exportações de algodão pelo Porto de Santos no início deste ano, no fim do primeiro trimestre, as operações começaram a cair por conta da sazonalidade da carga. Mas, até agora, não houve impacto nos embarques da commodity por conta da covid-19.


“O Porto de Santos, sem dúvida nenhuma, é o principal porto de escoamento. Neste ano, a previsão de safra é 2,8 milhões de toneladas, alinhado com o que tivemos na safra passada (2020-2021). A gente vai ter um pequeno crescimento da safra. Com 70% dela vendida pras traders, os produtores estão felizes”, destacou Paschoa. 


Mercado


Segundo Paschoa, apesar de 70% da safra já estar negociada, o acordo firmado entre China e Estados Unidos representa uma preocupação para o setor. Isto porque o país norte-americano é um concorrente do Brasil na produção de algodão. “Isto pode causar um impacto. Não tem nada que indique isso por enquanto, as traders estão confiantes, mas é algo que a gente está monitorando de perto”, explicou o diretor da Maersk. 


Uma pequena parcela da produção de algodão brasileiro fica no mercado nacional. Neste caso, o fator determinante será a retomada da indústria da confecção que, assim como outros setores da economia, foi impactada pela pandemia da covid-19.


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