Explosão no Líbano deve servir de alerta para evitar acidentes no Porto de Santos, diz advogado

Carga de nitrato de amônio, operada no cais santista, deve respeitar protocolos rígidos de segurança por conta da densidade populacional da região

Por: Da Redação  -  06/08/20  -  11:05
Nas proximidades do distrito portuário, os danos e a destruição são enormes
Nas proximidades do distrito portuário, os danos e a destruição são enormes   Foto: HASSAN AMMAR/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A explosão na zona portuária de Beirute, no Líbano, deve servir de alerta para a revisão de protocolos de segurança no Porto de Santos e em outros terminais especializados no País. A opinião é do advogado Paulo Henrique Cremoneze que, atuou em diversos casos envolvendo acidentes com nitrato de amônio no País, e é articulista de Porto & Mar.  


“Sendo o nitrato de amônio o protagonista da tragédia, convém autoridades, empresários e trabalhadores portuários santistas reexaminarem cuidadosamente todos os protocolos de segurança no manuseio do produto químico na região. O Brasil usa muito o nitrato de amônio, importante para o agronegócio e Santos o opera em volumes muito maiores que Beirute. O sistema de segurança geral daqui é bom e eficiente, mas todo cuidado é pouco e nenhum descuido é admissível. Protocolo revisto é risco diminuído”, afirmou o advogado. 


Segundo Cremoneze, o nitrato de amônio foi o responsável por, pelo menos, três acidentes que causaram explosões de embarcações no País. E, em todos os casos, os sinistros foram causados por falhas nos protocolos de segurança ou erros na armazenagem da carga, que não pode ser exposta a altas temperaturas e nem ser atingida pela chuva. 


“Há mais de 20 anos, um navio explodiu no litoral da Bahia e afundou com nitrato de amônio e hipoclorito de sódio. São produtos voláteis, sensíveis e úteis. As pessoas precisam deles. São utilizados na manipulação de fertilizantes e o Brasil é produtor de agronegócio, não vamos nos livrar dele. Também serve para produção de dinamites”.  


O advogado aponta que em um porto como o de Santos, que fica próximo de áreas residenciais e densamente povoadas, os cuidados precisam ser redobrados. “Se acontecesse um acidente aqui, seria, no mínimo cinco vezes maior porque o que é armazenado é maior. Os protocolos de segurança do cais santista são considerados os melhores do mundo mas sempre há espaço para o erro”.


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