Expedição vai estudar o Oceano Atlântico Sul

Navio com pesquisadores zarpa nesta semana do Porto de Santos

Por: Matheus Müller & Da Redação &  -  09/06/19  -  20:01
Dezenove pesquisadores, entre eles um argentino e um americano, embarcam no Alpha Crucis no dia 14
Dezenove pesquisadores, entre eles um argentino e um americano, embarcam no Alpha Crucis no dia 14   Foto: Sílvio Luiz/ AT

Uma equipe de 19 pesquisadores vai embarcar em uma expedição à bordo do navio oceanográfico Alpha Crucis, no Porto de Santos, para estudar os impactos da poluição global e das mudanças climáticas no Oceano Atlântico Sul. A embarcação pertence ao Instituto Oceanográfico (IO), da Universidade de São Paulo (USP). O grupo deixa o complexo marítimo na sexta-feira e retorna dia 28.


Segundo a diretora do IO, Elisabete de Santis Braga da Graça Saraiva, entender os danos do efeito estufa no mar ajuda a antecipar soluções a essa questão. As análises também servem para compreender as mudanças climáticas que atingem, principalmente, as populações que vivem em áreas costeiras, onde está grande parte do território da Baixada Santista.


Apesar dos estudos oceânicos terem ganhado maior destaque a partir de 2003, só em 2011, com início do projeto South Atlantic Meridional(Samoc), passou-se a observar mais de perto o Atlântico Sul.


Agora, a expedição conhecida como Sambar, que complementa o projeto Samoc, fará sua segunda viagem para acompanhar a variação da corrente meridional de circulação da água.


“A obtenção de dados no mesmo lugar nos permite analisar os efeitos do impacto global sobre a economia azul (que reúne as atividades relacionadas aos oceanos e a seus recursos), impactos na área costeira e atividade portuária, como a presença de ventos extremos, ressacas e aumento do nível do mar”, explicou a diretora.


O grupo é formado por professores, estudantes e técnicos brasileiros e estrangeiros. E se deslocará até um ponto do oceano entre o Brasil, Argentina e Uruguai.


Elisabete conta que a equipe vai para alto-mar para “medir correntes marítimas e temperaturas, usamos telemetria, imagens de satélite, equipamentos de fundeio – são lançados no mar e recuperados no ano seguinte –, analisamos dados a mais de 4 mil metros de profundidade para avaliar a circulação profunda”.


A pesquisadora diz que cada nível de água se movimenta de forma diferente e, a cada pequena mudança, é percebido o efeito da poluição. “Não analisamos só a circulação da água. Observamos o oxigênio, os nutrientes, propriedades química e o carbono”, conta.


Não se espera notar um aquecimento nas águas mais profundas, pois é algo que não deve ocorrer, diz a professora. De acordo com ela, uma maior temperatura registrada até mil metros ainda não é tão preocupante, porém alerta: “Temos que prever para melhorar as medidas de mitigação (para aliviar os danos), antes de atingir graus de perigo”.


Oceano é radiador


A pesquisadora destaca a importância do oceano no controle da poluição. “É um grande radiador para a distribuição de calor da terra”.


Mas, devido ao grande volume de gases, ele está sobrecarregado. “A queima indiscriminada de combustíveis gera o gás carbônico e o efeito estufa retém o calor do sol. Esses gases envelopam a Terra e fazem troca com a água. O mar absorve o CO2 tentando aliviar a atmosfera, mas as águas superficiais se aquecem e as correntes mudam seu percurso, o que causa reflexos, novamente, como aumento de ressacas, erosão, aumento do nível do mar”.


Elisabete conta que a expedição é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e conta com o apoio da Marinha do Brasil, da Capitania dos Portos de São Paulo e da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária de Santos).


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